Economia

Com Morumbi fora, cresce chance de estádio em Pirituba para Copa de 2014

Corinthians seria o provável responsável pela nova arena de futebol, mas persistem as dúvidas sobre sua viabilidade financeira

Estádio do Morumbi: desclassificado a participar da Copa de 2014

Estádio do Morumbi: desclassificado a participar da Copa de 2014

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 7 de março de 2011 às 14h04.

São Paulo - A capital paulista agora corre contra o tempo, se não quiser ficar de fora da Copa do Mundo de 2014. Hoje (16/6), o Comitê Organizador Local (COL), responsável pela organização do evento, divulgou no site official da CBF que o Morumbi foi descredenciado da disputa porque o comitê da cidade não entregou as garantias financeiras do projeto de melhoria da arena. Com isso, crescem as chances de que um novo estádio seja erguido em Pirituba para receber os jogos.

De acordo com especialistas em gestão esportiva ouvidos pelo site da EXAME, a probabilidade maior é de que os planos do estádio do Piritubão sairia do papel para se tornar o estádio da abertura da Copa. “A dúvida agora é saber de onde virá o investimento para a construção, se do governo público ou da parceria dos clubes com um grupo de empresas”, afirma Amir Somoggi, diretor da área de gestão esportiva da consultoria Crowe Horwath RCS.

O substituto

O time mais cotado para erguer o Piritubão é o Corinthians. Conforme antecipou o site da EXAME (leia matéria na íntegra), a diretoria do clube pretende anunciar, em setembro, o local do tão sonhado estádio do clube, como presente à torcida pelo centenário da equipe. O presidente do Timão, Andrés Sanchez, já declarou há dias que não está disposto a qualquer tipo de parceria com o poder público, devido à série de atritos que o clube e o município tiveram por causa do Pacaembu.

Se o estádio for construído, o Corinthians deverá usá-lo apenas em clássicos e jogos com grande expectativa de público. Embora favorito, o Corinthians não é o único a disputar o Piritubão. Sommogi lembra que o Santos também manifestou interesse no projeto.

Já o Palmeiras corre por fora para receber os jogos da Copa de 2014. O clube está reformando seu estádio para transformá-lo no Arena Palestra Itália. Mas as obras criarão um local para 40.000 pessoas, bem abaixo do exigido pela FIFA para a abertura do evento: 65.000 pessoas.

"Acredito ser impossível a capital paulista ficar fora da abertura, por concentrar a maior infra-estrutura do país", comenta Sommogi. "O estádio do Palmeiras poderia receber jogos menores, mas o governo, clubes e iniciativa privada terão de encontrar uma maneira da cidade ter um estádio bom o suficiente para a data mais importante, em termos financeiros, da Copa", diz Sommogi.


Falta viabilidade

Descartar o Morumbi não resolve o problema básico, segundo os especialistas: a construção de um estádio é cara, e o retorno financeiro dos investidores é incerto. De acordo com Sommogi, foi justamente a falta de projetos economicamente viáveis que manteve as empresas privadas fora de sua construção até agora - e preferindo participar apenas como patrocinadoras dos eventos.

"Mostrar estádios modernos é bom apenas para a Fifa [a federação que representa mundialmente o futebol], não para as empresas", diz. "A iniciativa privada só entrará em jogo se tiver garantias de retorno financeiro em menos de vinte anos", diz Sommogi.

Se o governo, mesmo com a rejeição do Morumbi, continuar se recusando a investir no empreendimento, uma das soluções será os clubes procurarem grupos de empresas de ramos que possam lucrar também com melhorias no entorno do estádio escolhido. Trata-se de empresas do ramo de construção civil, hotelaria ou varejo. "Mas acho difícil isso acontecer, porque as empresas sabem que o setor de esportes não dá bons retornos", afirma Robert Alvarez, professor e pesquisador do núcleo de esportes da Escola Superior de Propaganda e Marketing.

De acordo com Alvarez, as empresas teriam retorno de investimentos em estádios apenas se conseguissem oferecer bons serviços de estrutura, pagamento eletrônico, segurança, alimentação, a ponto de o público médio pagante nos estádios crescer dos atuais 18.000 pessoas para 40.000 por partida. O ticket médio, segundo ele, também teria de subir dos atuais 14 reais para 35 reais. "O ruído de comunicação entre a CBF e o Comitê Paulista contribuiu para a rejeição do Morumbi para a Copa", diz o professor. "A idéia é que as iniciativas com a construção do novo estádio sejam mais transparentes", diz ele. Resta saber qual será ele.

Leia mais: Pacaembu na Copa de 2014 depende do setor privado

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