Pastore foi um dos mais influentes e respeitados economistas do Brasil (Marcos Oliveira/Agência Senado/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 08h04.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 10h48.
Morreu nesta quarta-feira, 21, o professor e economista brasileiro Affonso Celso Pastore, aos 84 anos. Ex-presidente do Banco Central nos anos 1980, Pastore foi um dos mais influentes e respeitados economistas do Brasil, peça-chave para o desenvolvimento econômico do país.
Pastore estava internado para uma cirurgia no sábado, 17. Ele passou o fim de semana na UTI, mas não resistiu. A causa da morte ainda não foi revelada.
Pastore começou a carreira pública em 1966 como assessor do então secretário da Fazenda do estado de São Paulo, Antônio Delfim Neto, que também foi seu professor na Universidade de São Paulo (USP) — onde Pastore se formou na graduação e, posteriormente, fez doutorado. No ano seguinte, integrou a equipe de assessores de Delfim quando este assumiu o cargo de ministro da Fazenda.
Ao longo de sua carreira, teve experiências no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ocupou a coordenação de pesquisa no Instituto de Pesquisas Econômicas (IPE), vinculado à USP. Convidado pelo então ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, Pastore liderou o Banco Central de 1983 a 1985, durante o governo Figueiredo, nos últimos anos do regime militar.
Em 1993, após passagem pelo BC, ele fundou a consultoria A. C. Pastore & Associados com a agora viúva Maria Cristina Pinotti, com o objetivo de fornecer análises especializadas sobre a economia brasileira e internacional.
Em 2021, Pastore foi assessorar econômico da campanha de Sergio Moro — que à época se preparava para disputar as eleições presidenciais pelo Podemos. Moro desistiu da disputa em março de 2022, e se elegeu senador pelo Paraná.
Durante o seu mandato como presidente do BC, Pastore foi fundamental para o crescimento econômico do Brasil. Foi ele o responsável por negociar a dívida externa brasileira com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Autor de diversos livros, Pastore ficou reconhecido por “Erros do Passado, Soluções para o Futuro”, no qual analisa os erros feitos na economia do Brasil a partir dos anos 1960. Em 2020, chegou a ser homenageado em uma publicação com nove artigos e uma entrevista inédita, assinada por Antonio Delfim Netto, Arminio Fraga Neto, Celso Lafer, Edmar Bacha, Ilan Goldfajn, José Júlio Senna, Marcos Lisboa, Mário Magalhães Mesquita e Samuel Pessôa.