Economia

Monti: Itália está em estado de guerra por evasão fiscal

Segundo o premiê italiano, o problema não só prejudica as finanças do Estado, mas também produz um "grande dano" à imagem do país


	Monti:  "há italianos ricos e de classe média que sistematicamente não pagam seus impostos"
 (Gabriel Bouys/AFP)

Monti:  "há italianos ricos e de classe média que sistematicamente não pagam seus impostos" (Gabriel Bouys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2012 às 13h42.

Roma - O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, afirmou que a Itália se encontra em um "estado de guerra" por causa de seu elevado nível de evasão fiscal, problema que não só prejudica as finanças do Estado, mas também produz um "grande dano" à imagem do país no exterior.

Em entrevista à revista "Tempi" divulgada nesta sexta-feira, o chefe do governo italiano qualifica a criação dos chamados eurobonos, os títulos de dívida conjuntos dos países da eurozona que alguns governos europeus promovem como uma "proposta articulada e inteligente".

"A evasão fiscal produz um grande dano à percepção do país no exterior. Eu acho que a Itália se encontra em um estado de dificuldade, sobretudo, por causa deste fenômeno que se encontra, dentro deste ponto de vista, em um estado de guerra", afirmou Monti.

"A notoriedade pública de nossa elevada taxa de evasão prejudica age contra a Itália em relação aos países que, ocasionalmente, poderíamos necessitar de assistência financeira, como os países da Europa do norte", acrescentou.

Segundo o primeiro-ministro, esses países que podem oferecer assistência financeira pensam: "A Itália é um país muito rico, mas o Estado tem um fortíssimo endividamento público, que, talvez amanhã, necessitará de ajuda para se renovar; e depois há italianos ricos e de classe média que sistematicamente não pagam seus impostos".

Desta forma, o chefe do governo tecnocrata, que chegou ao poder em novembro após renúncia de Silvio Berlusconi, aposta em uma "dura luta contra a evasão fiscal" e em ações que podem ser consideradas "antipáticas", mas que, segundo ele, têm um "forte efeito preventivo" em direção a outros cidadãos.


Em relação aos eurobonos, Monti afirma que é "uma proposta articulada e inteligente", mas lembra que alguns países não estão dispostos a aprová-los, algo que, segundo o próprio Monti, não será suficiente para impedir sua implementação.

Os eurobonos serão criados "quando andarmos em direção a um maior controle das finanças públicas de cada país por parte das instituições comunitárias", apontou o primeiro-ministro da Itália.

"A ideia da Alemanha e de outros países é de que só se pode "mutualizar" toda ou parte das dívidas públicas apenas quando tiver certeza que nenhum país se desvie em matéria de acumulo dívida pública, ou seja, quando a política de endividamento for administrada de um modo mais coordenado desde o centro da eurozona", acrescentou.

Na entrevista, Monti também confirma que nas próximas semanas seu Executivo abordará a possível venda de parte do patrimônio imobiliário do Estado para reduzir o alto endividamento público, que fechou o ano de 2011 em um nível de 120,1% do PIB.

"Na primeira parte de vida do governo, preferimos nos concentrar sobre a atividade de contenção do déficit e de reforma, enquanto agora damos passos que demonstraram à Europa e ao resto do mundo a capacidade e a vontade do país de acometer profundas mudanças em sua estrutura", detalhou Monti.

"Temos que acompanhar essas reformas com a redução da dívida pública através da venda de alguns ativos", finalizou o chefe de governo. 

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