Caminhões em pátio de fábrica: expectativa é de que as vendas internas devem encerrar o ano entre 80 mil e 100 mil unidades, dizem executivos (Erik Abel/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2015 às 16h55.
São Paulo - Com o pior desempenho entre os diversos segmentos da indústria automobilística brasileira no primeiro trimestre, o setor de caminhões deverá apresentar uma retomada gradual ao longo de 2015, mas ainda encerrará o ano com resultado pior que 2014.
A aposta é de executivos das principais montadoras, durante debate no VI Fórum da Indústria Automobilística.
Entre eles, a expectativa é de que as vendas internas devem encerrar o ano entre 80 mil e 100 mil unidades, o correspondente a quedas de 27% a 41% em relação aos 137 mil caminhões emplacados em 2014.
Para o diretor de vendas de caminhões da Volvo no Brasil, Bernardo Fedalto, a queda nas vendas no primeiro trimestre superou negativamente as expectativas do setor.
De janeiro a março, os emplacamentos caíram 36,16% ante igual período do ano passado, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
"Daqui para frente, a tendência é de melhora muito lenta, gradual, de recuperação ao longo do ano", previu, ponderando que, apesar da retomada, dificilmente o segmento alcançará o nível de 2014.
O gerente de marketing e vendas da Ford Caminhões, Antonio Baltar, avaliou que o pessimismo está instaurado na indústria de caminhões. Segundo ele, a montadora tem sentido a crise de confiança na base de clientes, que provoca adiamento de compras. O executivo prevê que a indústria deve encerrar o ano com 100 mil caminhões vendidos. A projeção é compartilhada pela Iveco.
Para o vice-presidente da empresa no Brasil, Marco Borba, essa recuperação gradual virá de "uma demanda reprimida, que deve começar a acontecer no segundo semestre".
O vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America (fabricante de caminhões da Volkswagen), Ricardo Alouche, afirmou que a perspectiva que a marca tinha no ano passado de melhora em 2015 não se efetivou, em razão das mudanças na economia e na política implementadas pelo atual governo, que "têm demorado um pouco mais que prevíamos".
Ele observou que, se a média do primeiro trimestre fosse mantida, o segmento fecharia o ano com 60 mil caminhões emplacados. O executivo, no entanto, se mostrou um pouco mais otimista.
De acordo com ele, a montadora trabalha com uma projeção de 80 mil unidades vendidas em 2015. Alouche ponderou, contudo, que a retomada do setor ainda não deve ser notada em abril, mês com menor número de dias úteis deste ano, por conta dos feriados da Páscoa e Tiradentes.
"Tudo me leva a crer que abril também não será um mês tão melhor que março. Aí começa a faltar pouco tempo para alcançar as 100 mil unidades", justificou. Segundo ele, a MAN não vê nenhum "boom de mercado" suficiente para recuperar o ritmo de 100 mil unidades vendidas.
O diretor-geral de operações da Scania Brasil, Mathias Carlbaum, por sua vez, disse acreditar que a pior fase para o segmento de caminhões já passou. Prova disso seria o resultado de março, que já foi (25,76%) melhor do que fevereiro.
Diante dessa perspectiva, o executivo prevê que haverá uma "ligeira melhora" no resto do ano, "mas muito atrás" do que foi ano passado. Na avaliação da Mercedes-Benz, o principal fator negativo que afeta a confiança é a questão política, que, junto com crédito mais caro e menos acessível, tem feito o cliente "pensar quatro vezes antes de fazer financiamento".