Economia

Montadoras podem cortar meta de vendas no Brasil em 2013

Indústria deve rever para baixo a previsão do crescimento das vendas pelo cenário mais desfavorável, e para cima a produção pelo aumento das exportações


	Operários trabalham em linha de montagem de fábrica da Renault em Curitiba: produção de veículos saltou quase 16 por cento
 (Cesar Ferrari/Reuters)

Operários trabalham em linha de montagem de fábrica da Renault em Curitiba: produção de veículos saltou quase 16 por cento (Cesar Ferrari/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2013 às 19h08.

São Paulo - A indústria automobilística brasileira deve rever para baixo a previsão do crescimento das vendas para este ano, devido ao cenário macroeconômico mais desfavorável, e rever para cima a estimativa de produção, por conta do aumento das exportações, informou a entidade representativa do setor nesta terça-feira.

O crescimento lento da economia, a piora na confiança dos consumidores, perspectivas de novos aumentos de juros para conter a inflação e as manifestações populares compõem um cenário mais desfavorável para as vendas de veículos novos no mercado interno no segundo semestre, disse a Anfavea nesta terça-feira.

Mas a desvalorização do real frente ao dólar e a recuperação de mercados consumidores do exterior têm levado a um aumento das exportações do setor responsável por cerca de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro.

"No próximo mês, vamos rever as projeções para produção e vendas", disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan, nesta terça-feira a jornalistas. "Seguramente, teremos um número de produção bem maior do que o estimado agora... Para vendas, a previsão continua sendo acima do que vendemos em 2012", afirmou Moan.

As vendas de veículos novos no Brasil subiram 2,9 por cento no acumulado do ano até julho, abaixo do crescimento previsto pela Anfavea de 3,5 a 4,5 por cento este ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira.

Em compensação, a produção de veículos, impulsionada pelas exportações, saltou quase 16 por cento no período, bem acima da expectativa da entidade, de alta de 4,5 por cento em 2013.

Quando perguntado especificamente se a Anfavea cortará a projeção para a alta nas vendas no mercado interno, Moan sorriu e se limitou a repetir que a expectativa da entidade é que os licenciamentos de 2013 sejam maiores que as vendas de 3,802 milhões de veículos de 2012.


Na semana passada, a associação de concessionários de veículos, Fenabrave, voltou a cortar sua projeção para as vendas de carros neste ano, de crescimento de 3,14 por cento para alta de apenas 0,78 por cento.

"Não tem como imaginar rever (projeção de vendas) para cima. Não tem nada sinalizando para isso agora se não houver um estímulo adicional do governo", disse o analista Rafael Galante, da consultoria Oikonomia.

Segundo Galante, após o desempenho dos sete primeiros meses do ano, as vendas de veículos leves em 2013 poderão fechar o ano em queda de até 3,5 por cento.

Segundo Moan, o setor não espera forte movimento de compras de carros novos no final do ano, antes do término da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no fim de dezembro.

Exportações Maiores

Apesar de ainda não mexer nos números sobre o mercado interno, a Anfavea elevou nesta terça-feira sua expectativa para as exportações, que passaram de uma visão de queda de 4,6 por cento este ano para uma perspectiva de alta de 20 por cento, para 534 mil veículos.

O aumento na previsão de exportações ocorreu depois que as vendas externas de janeiro a julho acumularam alta de 25 por cento, para 318,6 mil unidades. Somente em julho, o aumento foi de 76 por cento sobre o mesmo mês de 2012.

"A alta se deve muito mais à melhoria dos mercados de nossos clientes do que por causa do cenário cambial mais favorável ou ajuste na competitividade do Brasil", disse Moan em referência à valorização do dólar sobre o real.

Ele citou que as exportações para a Argentina, principal mercado de veículos brasileiros, subiram 20 por cento no primeiro semestre, enquanto o Brasil conseguiu manter praticamente estável suas vendas para países europeus, apesar da crise que atravessa a região.


As importações, enquanto isso, caíram 6,4 por cento no acumulado até julho, para 434,01 mil unidades.

2014 Difícil

O presidente da Anfavea afirmou que acredita que 2014 será um ano mais "difícil" que 2013, ecoando comentários da Fenabrave na semana passada.

A entidade, por enquanto, não espera que o governo prorrogue a redução do IPI, em meio a comentários do Ministério da Fazenda de que não há mais espaço para desonerações de impostos.

"Pode ser um ano difícil. Mas isso não quer dizer que será negativo. Teremos crescimento nos licenciamentos e alta ainda maior na produção por conta de ganhos na exportação e redução ou estabilidade dos importados", disse Moan.

"Mesmo com o retorno do IPI cheio, acreditamos em aumento do mercado interno", acrescentou, lembrando que 2014 é ano eleitoral e marcado pela Copa do Mundo de Futebol, que devem reduzir o período de vendas em relação a este ano.

Julho

A indústria encerrou julho com vendas de 342,3 mil veículos novos, alta de 7,4 por cento sobre junho e melhor número registrado no ano, com 3 dias úteis a mais de licenciamentos no calendário. Porém, na média por dia útil, as vendas de julho recuaram cerca de 7 por cento.

Para Moan, feriados e eventos nos dois principais mercados do país, São Paulo e Rio de Janeiro, que incluíram a passagem do papa Francisco, contribuíram para o resultado de julho.

Já a produção no mês passado caiu 2,7 por cento sobre junho, a 312,3 mil unidades, na segunda queda consecutiva desde o recorde histórico de maio. Moan afirmou que montadoras concederam férias a trabalhadores no mês passado para fazerem ajustes em suas linhas e poder ampliar a produção.

Segundo a Anfavea, o setor fechou o mês passado com estoques de 395,9 mil veículos distribuídos entre pátios de montadoras e concessionárias e suficiente para 35 dias de vendas, ante 39 dias de junho. Na semana passada, a Fenabrave informou que os estoques apenas na rede distribuidora eram equivalentes a 45 a 48 dias de vendas, mas a entidade não precisou números.

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