Economia

Montadoras argentinas criticam Brasil e põem Mercosul em dúvida

A Associação de Fábricas de Automotores expressou a preocupação da indústria automobilística argentina pelo conflito no comércio automotivo bilateral com o Brasil

Ao todo, 60% dos automóveis fabricados na Argentina são destinados aos mercados externos (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Ao todo, 60% dos automóveis fabricados na Argentina são destinados aos mercados externos (Marco de Bari/Quatro Rodas)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2011 às 19h23.

São Paulo - Com quase três mil automóveis barrados na fronteira com o Brasil desde a última quarta-feira, as montadoras argentinas criticam a decisão do governo brasileiro de adotar o regime de licenças não automáticas para importação de automóveis. Em nota distribuída hoje à imprensa, a Associação de Fábricas de Automotores (Adefa) equivalente à Anfavea, expressou "a preocupação da indústria automobilística argentina pelo conflito que dificulta o comércio automotivo bilateral com o Brasil". Para o presidente da Adefa, Aníbal Borderes, as medidas "levantam dúvidas sobre o andamento do Mercosul, que já demonstrou ser instrumento válido para o crescimento e desenvolvimento dos países da região".

Borderes disse que a indústria argentina "realizou importantes investimentos, particularmente na última década, para moldar uma matriz exportadora competitiva em nível mundial, que lhe permitiu não só incrementar sua participação nos mercados da região, mas também em outros dos cinco continentes". Nesse sentido, ele detalhou que 60% dos automóveis fabricados na Argentina são destinados aos mercados externos e 80% do volume exportado são enviados ao Brasil. "Isso significa que 50% do total do intercâmbio comercial com o país vizinho estão constituídos por automóveis", ressaltou.

Borderes detalhou que o setor é responsável por 50% do crescimento industrial da Argentina e emprega mais de 30 mil trabalhadores de alta especialização. "Pelo efeito multiplicador cada emprego nas montadoras gerou cerca de cinco postos de trabalho no resto da cadeia produtiva, que hoje compreende 137 mil trabalhadores, os quais representam 7,5% do emprego formal da indústria", afirmou.

O executivo destacou os efeitos que as barreiras brasileiras podem gerar sobre a produção e o emprego não só na Argentina. No médio prazo, continuou, "as barreiras também colocam em risco os avanços registrados na indústria automobilística de ambos os países, devido a um eventual deterioração das condições e da imagem que se devem preservar para que a região continue sendo um polo de atração dos investimentos que as casas matrizes decidem regularmente".

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