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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Rio de Janeiro - O ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, defendeu hoje (18) medidas para estimular as exportações brasileiras de manufaturados.
De acordo com dados divulgados durante o Fórum Nacional promovido pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de janeiro a abril deste ano, as contas de vendas de manufaturados registram déficit de quase US$ 10 bilhões. Em 2009, foi registrado déficit de US$ 7 bilhões nessas transações comerciais.
Barral explicou que a queda da participação brasileira no mercado internacional tem diversas causas. Entre elas, a forte contração de demanda internacional por manufaturados, pressões protecionistas e a crise de confiança dos compradores, com o registro da maior retração do comércio mundial em 70 anos, agravada pela situação atual da Europa.
"O efeito da crise tem impacto muito grande, principalmente na confiabilidade de negócios e de garantias. Evidentemente, [a crise] ainda está centrada em alguns países europeus. Não houve alastramento pelos principais importadores do Brasil que são Alemanha e Holanda. Esperamos que haja um efeito em 30 a 60 dias, mas que estará relacionado com a expectativa e com credibilidade dos mercados mais do que com um efeito localizado", disse Barral.
O câmbio é outro fator que preocupa o ministério. Barral disse que não existe um nível de câmbio ideal porque o conteúdo nacional vai dizer qual é a competitividade do produto no mercado internacional, mas alertou sobre a concorrência com outros mercados que têm insistido em manter uma administração do câmbio, como é o caso da China.
"O câmbio está afetando as exportações brasileiras para alguns mercados tradicionais, como é o caso da América Latina e da África, onde estamos concorrendo muito acirradamente com outros países. O grande problema não é o câmbio que temos hoje, mas administração do câmbio por alguns concorrentes do Brasil", disse Barral.
O ministro interino lembrou ainda as medidas que já foram adotadas pelo governo brasileiro para estimular o setor, como a criação do "drawback verde-amarelo" (suspensão do IPI, PIS e COFINS, nas aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e embalagem), criação do seguro de crédito para exportação e alíquota zero para promoção comercial no exterior. Recentemente, tambem foram criados mecanismos de simplificação de financiamento.
Barral lembrou ainda que a competição por preço está cada vez mais acirrada. Ele defendeu outras iniciativas para estimular as vendas externas, como desoneração dos investimentos, estabelecimento de regras para embarques de baixo valor e reforma tributária como prioridade para o próximo governo.
"Na medida que aumenta a competição internacional, as dificuldades do sistema tributário se tornam mais visíveis e impeditivos mais notáveis para o exportadores. A carga tributária sobre a atividade produtiva é bastante elevada no Brasil, principalmente em comparação com outros países que reduziram sua carga tributária", disse Barral.