Economista diz que Ministério da Fazenda exagerou no tom otimista em publicação (.)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2010 às 15h59.
Brasília - A publicação "Economia Brasileira em Perspectiva", divulgada nesta terça-feira (10) pelo Ministério da Fazenda, minimiza os problemas de inflação e esconde os riscos da deterioração da conta corrente brasileira. A avaliação é da economista Monica Baumgarten de Bolle, da consultoria carioca Galanto. Para Monica, o documento faz um retrato da economia brasileira com otimismo excessivo e funcionando como "um componente de auxílio à campanha de Dilma".
A publicação do Ministério da Fazenda afirma que com o fim dos estímulos fiscais e monetários, das chuvas e de ajustes sazonais em educação, saúde e transporte público, o IPCA volta a uma trajetória compatível com o atual nível de crescimento da economia. Já Monica diz que a forma como a questão foi colocada minimiza o real problema da inflação. "Esses fatores contribuíram para a inflação no início do ano, mas houve um estímulo de demanda que causou pressões inflacionárias. Principalmente causada pelo aumento de renda, o consumo familiar e a facilidade de crédito. As pressões inflacionárias ainda não foram embora", avisa.
Segundo Monica, relatório merecia um tom mais equilibrado ao levantar temas importantes da economia do país. "A deterioração da conta corrente, por exemplo, é tratada como uma questão temporária, mas ela já vem acontecendo há 4 anos", alerta a consultora. De acordo com a economista, o Brasil pode parecer mais vulnerável aos investidores estrangeiros, caso a deterioração da conta corrente continue e a situação da economia mundial piore. "O documento não fala nada disso, apenas destaca os aspectos positivos da economia brasileira", disse ela.
Para o ano que vem, a expectativa de Monica é que o próximo presidente terá um início de mandato complicado já que "a economia global está vivendo a segunda fase da crise. O quadro externo está complicado e é hora de consertar o que restou e o que restou está frágil". A economista explica que o sucessor do presidente Lula deverá olhar com cautela para o cenário internacional e ficar atento aos resquícios de um ano eleitoral, quando o governo exagera nos gastos. "É difícil reverter essas políticas de auxílio que o governo tem implementado durante o ano de eleição", conclui.