Economia

Mineradoras na Argentina esperam "peronismo pragmático"

Vitória da oposição nas eleições primárias levou empresas do setor que planejavam bilhões em investimentos a repensarem suas estratégias

Mauricio Macri: Desde que a oposição obteve vitória esmagadora sobre o presidente argentino, as reservas internacionais do país caíram 22% (Erica Canepa/Bloomberg)

Mauricio Macri: Desde que a oposição obteve vitória esmagadora sobre o presidente argentino, as reservas internacionais do país caíram 22% (Erica Canepa/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 7 de setembro de 2019 às 08h08.

Última atualização em 7 de setembro de 2019 às 08h08.

Quem vencer a eleição presidencial em outubro na Argentina terá que depender dos exportadores de commodities para trazer o fluxo de moeda estrangeira de que o país precisa. O setor de mineração espera que, com isso, consiga algumas concessões.

Desde que o candidato da oposição, Alberto Fernández, obteve uma vitória esmagadora sobre o presidente Mauricio Macri nas eleições primárias de agosto, as reservas internacionais da Argentina caíram 22%, para US$ 51,7 bilhões.

A vitória levou empresas de mineração que planejavam bilhões de dólares em investimentos na Argentina a repensarem suas estratégias. As empresas querem esclarecer se Fernández e sua vice na chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner, adotarão medidas protecionistas e as políticas populistas do passado.

"É mais do que natural que alguém considerando um investimento na Argentina esteja pensando um pouco", disse Gustavo Koch, diretor executivo da câmara de mineração da Argentina Caem. "As decisões serão adiadas e não tenho certeza se necessariamente acontecerão após as eleições."

Empresas estrangeiras estão monitorando a situação, de acordo com Daniel Meilan, ex-secretário de mineração de Macri, e Rolando Davila, secretário-geral da Câmara de Comércio do Chile e da Argentina. Ambos disseram que estão trabalhando como consultores para as empresas, que não quiseram identificar.

"É uma pena, mas isso parece mais um revés para o setor de mineração na Argentina, e a questão é quanto tempo e quão grande será esse revés", disse Fiona Mackie, diretora para América Latina na Economist Intelligence Unit.

"Mesmo que Fernández deseje implementar uma política relativamente pragmática e centrada, há um risco enorme de não vermos estabilização macroeconômica por mais alguns anos".

Gigantes de mineração como Glencore, Newmont Goldcorp e Yamana Gold estão fazendo estudos iniciais sobre um plano para desenvolver em conjunto o depósito de ouro e cobre de Agua Rica, no noroeste do país.

Em março, o governo disse que uma decisão de investimento poderia acontecer dentro de meses.

As empresas planejam apresentar um estudo de viabilidade no próximo ano, disse a Yamana na terça-feira em resposta por e-mail às perguntas. Newmont Goldcorp e Glencore não quiseram comentar.

(Com a colaboração de Vinicy Chan).

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