Economia

México e Canadá reafirmam que negociações do Nafta são "trilaterais"

O ministro mexicano disse que restam poucos meses de renegociação, dado que as partes estão tentando avançar antes das eleições legislativas dos EUA

A essência do acordo é trilateral e continuará sendo trilateral, disse o ministro mexicano (Carlo Allegri/Reuters)

A essência do acordo é trilateral e continuará sendo trilateral, disse o ministro mexicano (Carlo Allegri/Reuters)

E

EFE

Publicado em 25 de julho de 2018 às 15h20.

Cidade do México - Os governos de México e Canadá reafirmaram nesta quarta-feira que a renegociação do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) deve ter um resultado "trilateral", que envolva México, Estados Unidos e Canadá, diante das pressões de Washington para dividi-lo em acordos bilaterais.

O secretário de Relações Exteriores do México, Luis Videgaray; o de Economia, Ildefonso Guajardo, e a ministra de Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, ofereceram nesta quarta-feira uma entrevista coletiva depois de uma reunião na Cidade do México, na qual rejeitaram as sugestões dos Estados Unidos de dividir o Nafta.

"Mantivemos uma conversa bilateral entre México e Canadá, como amanhã manteremos um encontro bilateral com os Estados Unidos, mas o processo conserva sua essência e natureza trilateral", assinalou Videgaray.

Freeland, por sua vez, admitiu que a renegociação do Nafta teve "momentos dramáticos", mas frisou que "o Canadá defenderá o conceito de que seja um acordo trilateral", pois o tratado "beneficiou os três países".

Apesar de as equipes dos três países manterem encontros bilaterais como o de hoje, Guajardo assinalou que isto é apenas "um método de negociação", mas que "a essência do acordo é trilateral e continuará sendo trilateral".

O ministro mexicano também disse que restam "poucos meses" de renegociação, dado que as partes estão "tentando avançar construtivamente" antes das eleições legislativas dos Estados Unidos em novembro.

"Acreditamos que existe uma pista de pouso segura", afirmou Guajardo.

Esta ideia também é compartilhada pela ministra canadense, que se mostrou convencida de que, apesar da retórica do presidente americano Donald Trump, "o bom senso e a racionalidade vão prevalecer".

A visita de Freeland marca um aumento da intensidade das negociações de alto nível depois de dois meses de conversas limitadas e com resultados magros devido aos desacordos remanescentes.

Na quinta-feira, o secretário Guajardo viajará para Washington para discutir o estado das negociações do Nafta com o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer.

Este novo impulso às negociações coincide com a advertência de Trump, que deseja um avanço rápido nas conversas.

Ontem, o próximo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, leu o conteúdo de uma carta de Trump ao futuro presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, que assumirá a presidência em 1º de dezembro.

No texto, o presidente americano ressaltou que uma renegociação bem-sucedida do Nafta pode gerar mais empregos e melhores salários para os cidadãos dos dois países.

Não obstante, Trump assinalou que isso só vai acontecer se ambas as partes renegociarem o tratado de forma rápida, porque, de outra maneira, ele terá que escolher "um caminho muito distinto do atual".

"O anterior não é da minha preferência, mas seria muito mais rentável para os Estados Unidos e seus contribuintes", disse o chefe de Estado americano.

Está previsto que Jesús Seade, futuro chefe negociador do Nafta para o governo de López Obrador, participe das conversas de amanhã em Washington entre o secretário Guajardo e Lighthizer.

Durante sua visita de trabalho ao México, Freeland também se reunirá com o presidente Enrique Peña Nieto e depois fará o mesmo com López Obrador.

Acompanhe tudo sobre:CanadáEstados Unidos (EUA)MéxicoNafta

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês