Economia

Meta fiscal pode ser cumprida com corte de R$ 42 bi, diz IFI

"Pode-se concluir que o governo foi mais conservador em suas novas estimativas", afirma o relatório

Corte no orçamento: para IFI, retomada do crescimento deve ser gradual (Afonso Lima/Reprodução)

Corte no orçamento: para IFI, retomada do crescimento deve ser gradual (Afonso Lima/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de abril de 2017 às 13h03.

O corte de R$ 42,1 bilhões no Orçamento de 2017 deve levar ao cumprimento da meta de déficit primário de R$ 139 bilhões do Governo Central neste ano, avalia Instituição Fiscal Independente (IFI) no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de abril, publicado nesta sexta-feira, 7.

O documento, elaborado pelo economista Felipe Salto, ressalta que o contingenciamento de despesas é positivo e, inclusive, foi maior do que as projeções do próprio IFI, que apontavam para uma necessidade de corte de R$ 38,9 bilhões no Orçamento para o cumprimento da meta fiscal.

"Pode-se concluir que o governo foi mais conservador em suas novas estimativas", afirma o relatório. "Evidentemente, será preciso acompanhar de perto a execução do programa de contenção anunciado", completa o IFI.

O RAF de abril aponta ainda que, apesar da queda da inflação e da taxa de juros abrir espaço para a volta do crescimento do PIB essa retomada da atividade deve ocorrer de maneira gradual.

Entre as razões para uma recuperação mais lenta da economia estariam a necessidade de redução da alavancagem de empresas e famílias, a dificuldade do governo em promover estímulos em meio a um processo de ajuste fiscal, o elevado nível de desemprego e a baixa utilização da capacidade instalada.

"Nossos estudos apontam que a absorção doméstica (consumo e investimento) é o grande motor das receitas fiscais, mais do que propriamente o PIB real. Assim, a composição do crescimento econômico importa na gestão das contas públicas. Diante da recuperação gradual esperada para os indicadores do mercado de trabalho, a retomada das receitas fiscais será igualmente prolongada", conclui o documento.

Banco Central

O RAF de abril traz ainda um box que defende que o uso do resultado do Banco Central pelo Tesouro Nacional tem efeito fiscal relevante e merece melhor regramento.

Para o IFI, o resultado do BC se tornou "bastante imprevisível" nos últimos anos por conta dos efeitos da taxa de câmbio sobre o valor em real das reservas internacionais depositadas na autoridade monetária.

"Além do efeito no nível de endividamento público, o acúmulo de reservas internacionais altera substancialmente os resultados do Banco Central. Toda vez em que a taxa de câmbio muda, muda também o valor em real das reservas e, por consequência, o resultado", explica o relatório.

Como possíveis soluções, o documento destaca um projeto de lei que determinaria que resultados positivos do Banco Central passariam a constituir reservas a serem mantidas no próprio Banco para cobrir resultados negativos futuros, tendo como limite uma proporção das suas reservas internacionais, líquidas da dívida externa.

"Outra possível proposta seria transferir as reservas e as operações com derivativos cambiais do BC para um fundo cambial, em troca de títulos públicos", conclui o documento.

Acompanhe tudo sobre:Governo TemerOrçamento federal

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições