Paulo Guedes: promessas enfrentaram choque da realidade (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de julho de 2019 às 17h29.
Última atualização em 5 de julho de 2019 às 18h07.
São Paulo — O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta sexta-feira (05), que, mesmo com "tudo dando certo" no ajuste fiscal que o governo pretende fazer, o mandato do presidente Jair Bolsonaro ainda deve terminar com déficit primário.
"Só devemos voltar a ter superávit em 2023", disse o secretário, durante participação em evento da XP Investimentos.
Isso significaria uma década de déficits, já que o último superávit primário registrado pelo país foi em 2013.
Mansueto disse que o Brasil, como sociedade, tomou decisões erradas do ponto de vista fiscal e que, como resultado, a dívida pública, que foi de 51% do PIB em 2013, é de 69% atualmente e deve crescer "um pouco mais". "Mesmo com a reforma da Previdência e com o ajuste fiscal, não teremos espaço para investimento público ou para reduzir a carga tributária em três ou quatro anos", disse.
Ainda em janeiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometia que seria possível zerar o déficit primário ainda em 2019 com uma combinação de reforma da Previdência, concessões de petróleo e privatizações.
Entre as razões para a frustração da meta está a queda nas expectativas de crescimento, que foram de 2,5% no início do ano para 0,8% atualmente, o que significa menos receita para o governo.
Também houve um atraso maior do que o esperado na tramitação de agendas como a reforma da Previdência e privatizações diante de turbulências políticas.
A promessa de Guedes, feita já durante a campanha eleitoral, sempre foi considerada irrealista mesmo por coordenadores econômicos de candidatos do campo da direita.
Gustavo Franco, da campanha de João Amoêdo pelo Partido Novo, Pérsio Arida, da campanha de Geraldo Alckmin pelo PSDB e André Lara Resende, da campanha de Marina Silva pela Rede, falavam em zerar o déficit em um prazo de dois anos.