Economia

Mesmo com provável corte dos juros, Brasil continuará líder do ranking mundial

Para o país deixar de ser o maior pagador de juros, BC teria de reduzir a Selic em quatro pontos percentuais

Está nas mãos de Tombini e da sua equipe a decisão sobre a taxa básica de juros (Divulgação/Banco Central)

Está nas mãos de Tombini e da sua equipe a decisão sobre a taxa básica de juros (Divulgação/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 14h34.

São Paulo – O provável corte na taxa Selic nesta quarta-feira não será suficiente para tirar o Brasil do incômodo primeiro lugar do ranking mundial de juros reais.

Em reunião, na sede do Banco Central (BC), em Brasília, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai decidir se dá prosseguimento ou não ao afrouxamento monetário iniciado no fim de agosto, quando os juros básicos da economia foram reduzidos de 12,50% para 12% ao ano.

A maioria dos analistas prevê que haverá novo corte de meio ponto nesta reunião. Levantamento feito pelo estrategista-sênior da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, mostra que, neste cenário, a taxa brasileira, descontada a inflação futura, será de 5,5%.

Com esse patamar, o Brasil é o líder disparado do ranking – a taxa é mais do que o dobro da praticada pela Hungria, a segunda colocada (veja tabela com 40 países na próxima página).

Para o país deixar de ser o maior pagador de juros do mundo, o Copom teria de reduzir a Selic em quatro pontos percentuais – cenário que não é previsto por nenhum economista.


Nesta terça-feira, empresários e trabalhadores promovem um abraço simbólico no prédio do Banco Central, em São Paulo. O ato marca o lançamento de um manifesto pela redução dos juros.

Os analistas do mercado financeiro, por outro lado, não gostaram da decisão surpreendente do Copom de baixar os juros na reunião de agosto. Desde então, os economistas de bancos, corretoras e consultorias estão elevando as projeções de inflação e reduzindo as do PIB no ano que vem.

O boletim Focus divulgado nesta segunda-feira segue nessa linha e embute um recado "malcriado" do mercado para o Banco Central.

No levantamento feito pela Cruzeiro do Sul Corretora, é possível observar também que, por causa da crise internacional, vários países estão com juro real negativo. A média dos 40 países pesquisados é de -0,8%.

Uma curiosidade: a Venezuela tem a maior taxa nominal de juros (17,37%) e a menor taxa real do mundo (-7,4%). O motivo é a inflação na casa de 25% ao ano.

Posição País Taxa real
Fonte: Cruzeiro do Sul Corretora
Brasil 5,5%
Hungria 2,3%
Chile 1,9%
Indonésia 1,8%
México 1,3%
Austrália 1,1%
Rússia 1,0%
Colômbia 0,7%
Taiwan 0,5%
10º China 0,4%
11º Polônia 0,2%
12º África do Sul 0,2%
13º Israel 0,1%
14º Malásia -0,1%
15º Japão -0,1%
16º Filipinas -0,3%
17º Turquia -0,4%
18º Suíça -0,5%
19º Tailândia -0,5%
20º França -0,7%
21º Argentina -0,8%
22º Coreia do Sul -1,0%
23º Alemanha -1,1%
24º Suécia -1,2%
25º Holanda -1,2%
26º Dinamarca -1,2%
27º República Tcheca -1,4%
28º Itália -1,5%
29º Grécia -1,5%
30º Espanha -1,6%
31º Índia -1,6%
32º Bélgica -2,0%
33º Áustria -2,0%
34º Portugal -2,0%
35º Canadá -2,0%
36º Estados Unidos -3,4%
37º Inglaterra -4,5%
38º Hong Kong -4,9%
39º Cingapura -5,4%
40º Venezuela -7,4%
- Média dos 40 países -0,8%
Acompanhe tudo sobre:América LatinaBanco CentralCopomDados de BrasilEstatísticasIndicadores econômicosJurosListasMercado financeiroRankingsSelicVenezuela

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE