Ministro da Economia: Paulo Guedes falou sobre necessidade de novas mudanças na previdência no futuro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Agência O Globo
Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 20h12.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na tarde desta segunda-feira que o processo de mudança do sistema previdenciário brasileiro não se esgota com a reforma aprovada pelo Congresso em outubro, e que o governo espera que a Câmara inclua estados e municípios nas novas regras da aposentadoria. A proposta consta da chamada PEC Paralela, proposta de emenda à Constituição já aprovada pelo Senado.
"É um processo que não termina. Agora nós estamos justamente esperando que a Câmara venha e faça a inclusão também de estados e municípios", afirmou Guedes durante um encontro entre dirigentes da secretaria Especial de Previdência e Trabalho, na sede do INSS em Brasília.
Guedes mencionou a retirada, pelos parlamentares, de alguns pontos inicialmente propostos pelo governo na reforma, como mudanças no BPC (Benefício de Prestação continuada, destinado a idosos pobres e pessoas com deficiência) e alterações na aposentadoria rural. O ministro afirmou que era função do ministério enviar uma proposta abrangente, e que o enxugamento do texto é "próprio do regime democrático".
Paulo Guedes disse ainda que o sistema de repartição, que rege a Previdência no país, tem algumas “bombas-relógio”. O ministro se referiu à questão demográfica, já que haverá cada vez menos trabalhadores na ativa financiando o benefício dos aposentados.
"O sistema de repartição tem algumas bombas-relógio. A primeira bomba é a demográfica. A demografia é perversa. Quando eu era jovem, entrei no mercado de trabalho, você tinha catorze contribuintes para cada aposentado, hoje já são sete contribuintes para cada aposentado. Daqui a 20, 30 anos, serão dois contribuintes para cada aposentado. Isso significa que o sistema não resiste. O grande problema do sistema de repartição é esse.
O ministro também criticou o imposto sobre a folha de pagamento que, segundo ele, destrói empregos para financiar as aposentadorias.
"E há essa bomba de destruição em massa de empregos que é o imposto sobre a folha de pagamentos, é o imposto mais cruel, excludente. Nós cobramos os impostos para financiar a Previdência justamente sobre a folha de pagamento. Nós destruímos empregos a pretexto de financiarmos a Previdência. Nós vamos ter que desarmar essa bomba também, vamos ter que pensar nisso aí à frente", afirmou.