Economia

Merkel reforça apoio, mas exige que Grécia cumpra reformas

A chanceler alemã expressou sua vontade de que o país permaneça na zona do euro, mas exigiu compromisso


	Samaras e Merkel: a chanceler alemã disse que o cumprimento dos compromissos recupera a confiança do mercado e diminui os impactos da crise
 (David Gannon/AFP)

Samaras e Merkel: a chanceler alemã disse que o cumprimento dos compromissos recupera a confiança do mercado e diminui os impactos da crise (David Gannon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2012 às 12h55.

Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, demonstrou sua confiança em relação à Grécia e expressou sua vontade de que o país permaneça na zona do euro, mas manteve a pressão para que Atenas cumpra com seus compromissos de reformas e cortes no orçamento.

"A Grécia faz parte da zona do euro e quero que permaneça nela", disse Merkel em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, com que se encontrou em Berlim.

Merkel insistiu na necessidade da Grécia cumprir com os compromissos fixados no memorando de entendimento entre a União Europeia e o país e argumentou que boa parte da crise atual se deve à falta de confiança dos mercados.

"A crise atual é em boa parte uma crise de confiança. É preciso recuperar a confiança e para isso é necessário que os compromissos se cumpram", pediu Merkel.

Curiosamente, a reunião de Merkel e Samaras ocorreu no mesmo dia em que foi revelado que existe um grupo de trabalho no Ministério das Finanças alemão encarregado de analisar um cenário econômico sem a Grécia na zona do euro.

Antes da visita de Samaras, membros do Executivo alemão e dos partidos membros da coalizão do governo rejeitaram a possibilidade de um terceiro pacote de ajuda à Grécia ou a concessão de mais tempo para Atenas cumprir com seus compromissos.

Merkel não comentou diretamente as declarações e disse que a não devem ser feitos julgamentos precipitados sobre a Grécia e que é preciso esperar o relatório da troika, formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

pós a reunião com Merkel, Samaras reiterou que seu governo "não deseja mais dinheiro", mas sim "mais tempo para respirar". Além disso, assegurou que seu país está conseguindo reduzir o déficit fiscal e o déficit de credibilidade.

"Estou convencido que o relatório da troika constatará que o novo governo de coalizão conseguiu resultados", afirmou Samaras, que afirmou que "os fatos são mais convincentes que as palavras".

A chanceler alemã ressaltou que após cinco anos de recessão é preciso reconhecer os esforços e sofrimentos dos gregos e assegurou que a Alemanha e a Europa continuarão apoiando o país.

Merkel negou que existam diferenças sobre a Grécia entre Berlim e Paris e disse que o próprio Samaras poderá comprovar isso amanhã em seu encontro com o presidente francês, François Hollande.


Samaras criticou além disso indiretamente as declarações de alguns políticos alemães, sem especificar quem, que deram como certa a saída da Grécia da zona do euro. "Isso não ajuda os gregos, que já sofreram tanto, a seguir lutando, pois significa que seus esforços não vão servir para nada".

O primeiro-ministro grego disse que o encontro com Merkel representa um novo começo nas relações entre os dois países, marcadas por enquanto pela difícil luta contra a crise do euro.

Merkel disse que os responsáveis políticos devem se esforçar por reconciliar duas versões geradas pela crise que vive a Grécia. "De um lado, está a população grega, que diz que fez muitos sacrifícios e que sofreu muito, e do outro lado, as pessoas na Alemanha e em outros países que veem que há dois anos estamos ajudando a Grécia e que ficam impacientes pois não observam resultados", disse Merkel.

"A obrigação dos responsáveis políticos é reconciliar essas duas visões da realidade", defendeu Merkel.

Tanto Merkel como Samaras opinaram que um dos fatores chave para a superação da crise é diminuir a evasão fiscal na Grécia. Recentemente, foi divulgado um estudo na Alemanha que apontava que se os profissionais autônomos na Grécia pagassem corretamente seus impostos, o fisco arrecadaria 11,500 bilhões de euro, a mesma quantidade fixada no novo programa de ajuste do país. 

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