Mercosul: bloco e UE iniciaram em 1999 negociações comerciais e, após uma longa estagnação, retomaram os diálogos em 2016 (Norberto Duarte/AFP)
AFP
Publicado em 15 de junho de 2018 às 15h55.
O Mercosul, que terá nesta segunda-feira (18) sua reunião semestral em Assunção com um enfoque comercial e integrador, avança em negociações com a União Europeia (UE) e a Aliança do Pacífico, com a qual terá em julho uma cúpula no México.
Busca-se retomar a prioridade de liberalização comercial e de consolidação do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, disse nesta quinta-feira o subsecretário da chancelaria brasileira para a América Latina e o Caribe, Paulo Estivallet de Mesquita, em coletiva de imprensa.
Há uma cúpula marcada para 24 de julho, no México, com a Aliança do Pacífico - integrada por Chile, Colômbia, Peru e México -, disse o diplomata.
A reunião "daria sinalização política importante da disposição dos principais países da região de continuarem avançando para consolidar os acordos".
O Mercosul já tem acordos de livre-comércio com Chile e Colômbio e concluirá em 2019 com o Peru no último cronograma de liberalização comercial.
Mesquita disse que existe uma "perspectiva real" de concluir o acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE).
O chanceler brasileiro Aloysio Nunes discutiu por telefone nesta quinta-feira com a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malstrom, em um "diálogo regular" entre as partes, que vivem um processo de aproximação, segundo disse à AFP o diretor de imprensa do Itamaraty, Tarcisio Costa, sem dar mais detalhes.
Nunes tinha dito nesta quarta-feira que as negociações com a UE poderiam ser concluídas antes das eleições de outubro no Brasil.
O Mercosul e a UE iniciaram em 1999 as negociações comerciais e, após uma longa estagnação, retomaram os diálogos em 2016.
Apesar de haver diferenças, em particular no setor automobilístico, as duas partes destacaram avanços importantes.
Mesquita disse que o Mercosul teve um semestre ativo, com o lançamento de negociações com o Canadá, a Coreia do Sul, a EFTA (Associação Europeia de Livre-Comércio, que reúne Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) e Singapura.
No plano interno, trabalha-se na "modernização do regulamento" do bloco, a fim de torná-lo mais pragmático e ampliar a convergência entre os sócios, acrescentou ele.
A cúpula de Assunção, na qual o Paraguai passará a presidência rotativa do bloco ao Uruguai, abordará um plano de trabalho acerca do comércio digital para adaptar o sistema legal do Mercosul à economia digital, disse Mesquita.
Também serão impulsionados o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) e o Estatuto de Cidadania, que definirá os direitos dos cidadãos dos países-membros.
A Venezuela, suspensa desde 2016 na aplicação da "cláusula democrática" por sua crise interna, é um assunto constante entre os membros, mas não deve ser um tema particular desta reunião, afirmou Mesquita.