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Mercosul reafirma diferenças sobre TLC, mas busca evitar ruptura

O Mercosul concluiu recentemente as tratativas para um acordo de livre comércio com Singapura e busca, há mais de duas décadas, concretizar um TLC com a União Europeia

 (Mercosul/Divulgação)

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AFP

Publicado em 6 de dezembro de 2022 às 16h29.

Os países-membros do Mercosul reafirmaram, nesta terça-feira (6), suas diferenças sobre a inserção internacional do bloco e a negociação de acordos comerciais com países terceiros, mas coincidiram em que devem buscar caminhos que evitem uma ruptura do grupo fundado em 1991.

Em uma cúpula que reuniu os presidentes de Argentina, Alberto Fernández; Paraguai, Mario Abdo Benítez, e o anfitrião Luis Lacalle Pou, do Uruguai, os discursos concentraram-se na abertura comercial do bloco, que também conta com a presença do Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, faltou pela segunda vez consecutiva à reunião semestral de chefes de Estado.

Mais uma vez, os debates evidenciaram as fortes diferenças dos demais países-membros com o Uruguai, por sua vontade de negociar, inclusive de forma unilateral, acordos comerciais com países de fora do Mercosul.

"Tenho certeza de que ninguém pegou um avião para vir ao nosso país para buscar mais conflito", disse Lacalle Pou, cujo governo está em negociações avançadas de um Tratado de Livre Comércio (TLC) com a China e pediu a adesão de seu país ao Acordo Transpacífico, apesar das críticas de seus parceiros regionais.

"Certamente que é muito melhor se negociamos em grupo [...] O que não estamos dispostos é permanecer quietos", afirmou o presidente uruguaio em seu discurso de abertura, no qual reiterou que, se o seu país chegar à etapa de assinatura de acordos fora do bloco, tentará impulsionar a adesão de seus parceiros do Mercosul a esses mesmos mecanismos.

Juntos ou separados?

Na semana passada, Buenos Aires, Brasília e Assunção emitiram um comunicado conjunto para advertir Montevidéu sobre "eventuais medidas" jurídicas e comerciais por seu pedido de adesão ao Tratado Integral e Progressista de Associação Transpacífico (CPTPP).

Os três países entendem que o regulamento interno do bloco supõe que qualquer tratado com países de fora do Mercosul requer a anuência de todos os integrantes do mercado comum. E romper essa regra coloca em perigo o futuro do processo.

Entretanto, nesta terça, Lacalle Pou pediu que fosse retirada da mesa a ideia de "ruptura" do Mercosul, uma palavra que foi utilizada na segunda pelo chanceler argentino, Santiago Cafiero, por conta da postura uruguaia.

"Não se trata de ruptura. É preciso tirar isso do imaginário coletivo. Trata-se de resolver tensões", enfatizou o presidente anfitrião.

Em resposta direta a Lacalle Pou, Fernández afirmou: "Você diz 'ninguém quer romper', mas, quando as regras em uma sociedade não são cumpridas, alguém está rompendo". "Talvez seja preciso mudar as regras, [mas] enquanto não houver mudanças, temos que respeitá-las", alfinetou.

Fernández, que assumiu a presidência rotativa do bloco pelos próximos seis meses, argumentou que "a globalização já não funciona como funcionava antes" e "que o mundo está considerando hoje coisas muito diferentes do livre comércio".

Em um tom mais conciliador, o paraguaio Abdo considerou positivo "compartilhar o processo de negociação com o bloco antes de conclui-lo", como voltou a propor Lacalle, que já havia manifestado essa postura em reuniões anteriores. "Isso é aceitável", avaliou o mandatário paraguaio.

O Brasil, por sua vez, cujo governo em fim de mandato esteve representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, assinalou que os problemas viriam de negociações individuais, gerando impacto sobre outros acordos externos que já estão sendo discutidos.

Para fechar o encontro, o presidente anfitrião reiterou a postura de longa data de seu país de tentar negociar em bloco, mas, ao mesmo tempo, flexibilizar o Mercosul. "Vamos juntos" negociar, mas "se não quiserem ir, a maneira de nos ajudar é deixar-nos ir".

O Mercosul concluiu recentemente as tratativas para um acordo de livre comércio com Singapura e busca, há mais de duas décadas, concretizar um TLC com a União Europeia.

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