Economia

Mercosul não está na lista de prioridades da União Europeia

As negociações para a criação de uma área de livre-comércio entre os dois blocos não aparecem na lista de temas comerciais mais importantes para o 1º semestre


	Bandeiras da União Europeia: hoje, a Europa concentra seus esforços na relação com Estados Unidos e Ásia
 (Emmanuel Dunand/AFP)

Bandeiras da União Europeia: hoje, a Europa concentra seus esforços na relação com Estados Unidos e Ásia (Emmanuel Dunand/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2015 às 10h01.

Genebra - O Mercosul sai da lista de prioridades da União Europeia. Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo e preparados pela presidência do bloco revelam que as negociações para a criação de uma área de livre-comércio entre os dois blocos não aparecem sequer na lista de temas comerciais mais importantes para o primeiro semestre de 2015.

Bloqueadas desde 2004, as negociações foram lançadas com a meta de criar o que seria, na época, a maior área de livre-comércio do mundo. Hoje, a Europa concentra seus esforços na relação com Estados Unidos e Ásia.

O documento foi preparado pela presidência da Letônia, que ocupa o cargo até meados do ano. Se em parte ele reflete as ambições de um governo, as linhas gerais foram produzidas com base em consultas com os demais governos.

Nele, a negociação para a criação de uma área de livre-comércio com EUA, além de projetos com Japão e Vietnã, é prioridade para a os europeus.

A lista inclui ainda o aprofundamento da relação com Geórgia, Moldávia, Ucrânia, Canadá e Cingapura.

O Estado apurou que, na Comissão Europeia, o departamento que se ocupa de Mercosul está "esvaziado" e funcionários com ambições de subir na carreira têm evitado ser designados para esses cargos. O motivo: não existe previsão de quando um acordo seria fechado.

Quando o processo foi lançado em 1999, governos admitiam que abrir os mercados para produtos agrícolas do Mercosul não seria uma tarefa fácil. Para os europeus, porém, havia o interesse no mercado brasileiro de bens industriais. Mas, em 2004, o impasse se estabeleceu.

Em 2014, tentou-se relançar o processo e o Mercosul apresentou uma oferta conjunta do quanto está disposto a abrir seu mercado. Mas, por enquanto, não existe uma resposta do bloco europeu.

Durante uma visita em fevereiro do ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Frank Walter Steinmeier, o assunto foi alvo de conversas com a presidente Dilma Rousseff.

"A proposta brasileira está em Bruxelas. Nós vamos fazer o possível para que o processo seja acelerado", prometeu Steinmeier.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou o teor da conversa e ressaltou que o Mercosul já apresentou suas ofertas para o acordo, que depende agora de Bruxelas. "A presidente afirmou ao ministro que estamos esperando neste momento uma reação de Bruxelas", disse Vieira.

Barreiras

Em um outro informe, de março de 2015, a Comissão Europeia insiste que o Brasil continua sendo um "parceiro estratégico". Mas lista uma série de problemas que vem enfrentando. No setor agrícola, a UE ataca o que chama de "protecionismo brasileiro".

De acordo com Bruxelas, os europeus ainda sofrem para exportar produtos como carnes e lácteos ao Brasil. No setor industrial, a UE denuncia "taxas discriminatórias" contra empresas estrangeiras.

Bruxelas abriu uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) por conta dos incentivos fiscais e subsídios dados pelo Brasil a empresas que investem no País. A queixa se refere ao setor de carros, máquinas e eletrônicos, entre outras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:ComércioComércio exteriorEuropaMercosulUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto