48ª Reunião do Conselho do Mercosul (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 05h56.
Assunção – Os ministros das Relações Exteriores do Mercosul concordaram enste domingo em avançar em suas relações com países como China e Rússia, além das que possui com a União Europeia (UE) como forma de voltar a suas origens e tornar realidade o livre trânsito de bens, serviços e mercadorias ao qual aspira desde sua fundação.
Esse quadro de intenções foi explicado aos jornalistas por Eladio Loizaga, chanceler do Paraguai, país que detém a presidência temporária do bloco. Ele anunciou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não vai participar da Cúpula de chefes de Estado que será realizada nesta segunda-feira.
"Concordamos todos que o Mercosul tem que avançar em tudo o que diz respeito a seu relacionamento externo não só com a UE, mas com outros países como Canadá, Japão, Rússia e China", disse Loizaga.
O chanceler acrescentou que essa filosofia é coerente com a do artigo primeiro do Tratado de Assunção, a ata de fundação do Mercosul, que completará 25 anos em março de 2016.
"É necessário que o Mercosul retome suas origens, o artigo primeiro de livre circulação de bens, serviços e fatores de produção", disse ele em entrevista coletiva após as reuniões do Conselho do Mercado Comum (GMC).
Nesse sentido, também voltaram a estar sobre a mesa dos ministros das Relações Exteriores as negociações entre Mercosul e a União Europeia para conseguir o esperado acordo de comércio, que depende da troca de ofertas comerciais entre os blocos.
Loizaga explicou que o Paraguai realizou um grande esforço para impulsionar essa troca de ofertas e que o Mercosul está preparado para começar o processo e à espera da resposta da UE para debatê-lo.
No entanto, em um recesso após a primeira parte da reunião, Loizaga admitiu aos jornalistas que o processo para essa troca de ofertas deverá continuar adiante sob a presidência temporária do Uruguai.
A UE e o Mercosul passaram o ano de 2015 compondo sua lista de ofertas para começar as negociações, mas até agora não estabeleceram uma data para fazê-lo.
A sensibilidade pelos produtos agrícolas, principal trunfo comercial do Mercosul, é a questão que mais atrasou o acordo desde que, em 1995, foi assinado um tratado, que entrou em vigor em 1999, para iniciar o processo em direção à negociação comercial.
Loizaga acrescentou que os chanceleres dos cinco países-membros também decidiram avançar no plano de ação discutido na última cúpula de Brasília, que tem relação com as medidas tarifárias e não tarifárias que podem atrasar a implantação de uma zona de livre-comércio.
Esse plano passaria por desmantelar 80 normas que representam "impedimentos" comerciais com base em um inventário cujos conteúdos já começaram a ser identificados durante os seis meses de presidência do Paraguai.
Outro acordo foi, segundo Loizaga, "estimular" a criação de uma comissão de observação dos Direitos Humanos no bloco.
Os chanceleres também elogiaram, de acordo com Loizaga, os recentes processos eleitorais em Venezuela (legislativas), Argentina (gerais) e Paraguai (municipais).
Segundo Loizaga, esses pleitos mostram que os "processos democráticos estão plenamente consolidados e estão fortalecidos na região".
"As eleições da Argentina, Venezuela e Paraguai foram realizadas com transparência e os processos eleitorais froam reconhecidos", disse Loizaga.
O chanceler indicou que no próximo semestre ocorrerá uma reunião entre Mercosul e a Aliança do Pacífico para aproximar posturas visando possíveis acordos financeiros.
Ele acrescentou que esse caminho conta com a vantagem de que alguns países associados do Mercosul são membros da Aliança do Pacífico.
A reunião de chanceleres teve também uma parte que contou com a participação participaram representantes de alguns dos países associados do bloco, como Colômbia, Equador e Peru.
A cúpula de chefes de Estado desta segunda-feira reunirá os presidentes do Paraguai, Horacio Cartes, da Argentina, Mauricio Macri, do Uruguai, Tabaré Vázquez, além da presidente Dilma Rousseff.
Loizaga acrescentou que a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, substituirá Maduro na cúpula. EFE