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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Buenos Aires - A crise internacional, iniciada no final de 2008, trouxe grande impacto ao Mercosul - formado pelo Brasil, pela Argentina, pelo Uruguai e Paraguai -, mas também o obrigou a começar um processo de busca de novas caminhos para se desenvolver e se ajustar em suas diferentes áreas de atuação, diz o subsecretário de Integração Econômica Americana e Mercosul da chancelaria argentina, o embaixador Eduardo Sigal.
Segundo ele, os problemas ainda não foram totalmente resolvidos, mas há recuperação do comércio internacional, apesar dos sinais evidentes de uma nova turbulência na economia da União Europeia. Diante desse quadro, a Argentina, que ocupa a presidência temporária do Mercosul, é acompanhada pelos demais sócios do Mercosul em seus esforços de recuperar a dinâmica comercial do bloco, destaca Sigal.
De acordo com o embaixador, a próxima Cúpula do bloco - que ocorrerá em Buenos Aires, em julho - será uma oportunidade para os sócios analisarem não apenas a recuperação da sua dinâmica comercial, mas também uma resolução tomada em 2004 sobre o Código Aduaneiro do Mercosul, até hoje não implantado. Outro assunto que também será discutido na cúpula é a informatização das aduanas, já em estudos avançados para seja implantada de forma efetiva e rápida.
Nos últimos meses, assinala o embaixador, a integração produtiva e a incorporação de valor agregado aos produtos comercializados no Mercosul tiveram grande impulso. "Esse tema é um salto de qualidade na concepção do que é o Mercosul. Estamos trabalhando para aperfeiçoar o bloco em seu aspecto de união aduaneira e de uma zona de livre comércio. Estamos começando a incorporar outras dimensões na política de integração regional."
O Mercosul, segundo o embaixador, está avançando na colaboração com agências internacionais porque é preciso dispor de recursos para que a integração produtiva do bloco não seja apenas uma intenção. "Avançamos na criação de um fundo de US$ 100 milhões para investir em associações empresariais de pequenas e médias empresas, mas ainda estamos com dificuldade para a regulamentação desse fundo devido às diferentes legislações e às particularidades nacionais de cada um dos países do Mercosul. É preciso um grande esforço para harmonizar essas legislações para que o fundo permita o financiamento, a baixo custo, de empresas de dois ou mais países do Mercosul". O financiamento, ressalta Sigal, busca a geração de empregos de qualidade e a incorporação de valor às pequenas e médias empresas.
Outro tema do Mercosul é a retomada das negociações comerciais com a União Europeia, já acertada desde o dia 17 de maio último, durante reunião de cúpula realizada entre os dois blocos em Madri, capital espanhola. "Estamos preparando uma primeira rodada de negociações entre o Mercosul e a União Europeia", adianta o embaixador. "A rodada deverá ocorrer no final de junho, em Buenos Aires, antes da Cúpula do Mercosul, marcada para o mês que vem".
A reunião analisará, basicamente, um mecanismo de trabalho que efetive o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, o que significa a inclusão de nada menos que 700 milhões de consumidores. Para o embaixador, esse será o acordo comercial mais importante do planeta. "Nesse acordo há aspectos econômicos que são complementares, mas também há muitos que são competitivos e, portanto, provocam tensões em setores produtivos dos dois blocos, especialmente no setor agrícola. de ambos os lados."
Segundo Eduardo Sigal, o Mercosul também está avançando nas negociações de um tratado de livre comércio com o Egito. "Estamos em condições de encerrar essas negociações, no mais tardar, no segundo semestre deste ano". Ainda de acordo com o embaixador, diversas áreas ministeriais dos países do Mercosul estão se reunindo e trabalhando para alcançar uma nova dinâmica do bloco.