Economia

Mercados finalmente absorvem mensagem dupla do Fed

Taxas de curto prazo têm empurrando as expectativas para o primeiro aumento de juros do Fed mais para dentro de 2015


	Prédio do Federal Reserve: traders não veem o Fed elevando os custos de empréstimo de curto prazo até no mínimo julho de 2015, se não posteriormente
 (Jonathan Ernst/Reuters)

Prédio do Federal Reserve: traders não veem o Fed elevando os custos de empréstimo de curto prazo até no mínimo julho de 2015, se não posteriormente (Jonathan Ernst/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2013 às 14h02.

São Francisco - Após meses de equívocos, a mensagem do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, está finalmente chegando a Wall Street: reduzir não é apertar.

Mesmo com o banco central se aproximando da redução de seu programa de compra de títulos maciço, muito provavelmente no primeiro trimestre de 2014, as taxas de curto prazo têm empurrando as expectativas para o primeiro aumento de juros do Fed mais para dentro de 2015.

No momento, os traders não veem o Fed elevando os custos de empréstimo de curto prazo até no mínimo julho de 2015, se não posteriormente, baseando-se nas operações futuras na CME Group da taxa básica de juros.

Essa é uma enorme mudança desde o fim de maio, quando o chairman do banco, Ben Bernanke, sugeriu que o Fed poderia começar a reduzir seu programa de compra de títulos de 85 bilhões de dólares ao mês nas "próximas reuniões".

Os comentários dele fizeram os mercados de renda fixa despencarem, com os yields e taxas de títulos de todas as categorias saltando, independentemente da data de vencimento deles.

Expectativas de uma primeira elevação de taxas foram antecipadas para outubro de 2014, bem antes do que grande parte das autoridades do Fed projetavam.

Mesmo há dois meses, por volta do período quando o Fed surpreendeu os mercados ao não iniciar o processo de desaceleração do estímulo, traders ainda previam que o Fed deveria começar a elevar as taxas ante o nível atual de zero até janeiro de 2015.


A mudança é uma boa notícia para as autoridades norte-americanas, cuja grande preocupação tem sido a de que os mercados reagiriam à redução das compras de títulos impulsionando os custos de empréstimo de modo mais rápido do que a economia poderia absorver com segurança, prejudicando a recuperação econômica ainda frágil.

De fato, essa preocupação contribuiu para a decisão de setembro do Fed de ainda não iniciar a redução das compras de títulos.

"Após as experiências anteriores neste ano... Acho que o Fed sabia que tinha que realizar um esforço combinado para conduzir a separação entre redução de estímulo e aperto da política", disse o economista-chefe da TD Securities em Nova York, Millan Mulraine. "Eu acho que eles tiveram êxito." A ata da reunião de política do Fed de 29 e 30 de outubro, divulgada na quarta-feira, sugeriu que o Fed está aberto novamente à redução de suas compras de ativos em uma de suas "próximas reuniões", contanto que a economia continue a melhorar.

Mas desta vez, a resposta do mercado mostrou mais sutileza.

Os preços dos Treasuries de referência com vencimento em 10 anos caíram, levando os yields, que se movem na direção contrária, para máximas em dois meses acima de 2,8 por cento. Mas eles não arrastaram as taxas de curto prazo juntos, como ocorreu em maio.

De fato, as operações futuras da taxa básica de juros apontavam para a probabilidade de um aumento do juro básico em julho de 2015 a cerca de 50 por cento, menor que a chance de 52 por cento antes de a ata ser divulgada.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemMercado financeiroPaíses ricos

Mais de Economia

China surpreende mercado e mantém juros inalterados

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi