Economia

Mercado reduz previsão do PIB, mas a mantém acima da projeção do governo

Projeção do crescimento da economia em 2020 pelo mercado financeiro, de 1,48%, é bem acima da feita pelo governo, de 0,02%

Indústria: projeção para o crescimento da produção industrial de 2020 passou de 1,63% para 1,00% (Germano Lüders/Exame)

Indústria: projeção para o crescimento da produção industrial de 2020 passou de 1,63% para 1,00% (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de março de 2020 às 09h38.

Última atualização em 23 de março de 2020 às 10h57.

A expectativa de crescimento da economia brasileira em 2020 caiu de alta de 1,68% para 1,48%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central (BC). Há quatro semanas, a estimativa era de crescimento de 2,20%.

Para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB), de 2,50%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo patamar.

A projeção, no entanto, está bem acima da feita pelo governo. Na última sexta-feira (20), a equipe econômica revisou a estimativa para o desempenho da economia em 2020 de alta de 2,1% para apenas 0,02%. Na semana passada, no comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que cortou a Selic em 0,5 ponto para 3,75% ao ano, o BC avaliou que a pandemia do novo coronavírus está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global.

Em dezembro, o BC havia atualizado, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,80% para elevação de 2,20%. Uma nova estimativa será divulgada no RTI da próxima quinta-feira (26).

No início de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o crescimento do PIB em 2019 ficou em 1,10%. Em fevereiro, o BC informou que seu Índice de Atividade (IBC-Br) teve baixa de 0,27% em dezembro ante novembro na série com ajustes sazonais. Em relação a dezembro de 2018, houve alta de 1,28%.

No Focus agora divulgado, a projeção para o crescimento da produção industrial de 2020 passou de 1,63% para 1,00%. Há um mês, estava em 2,33%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial permaneceu em 2,50%, igual a quatro semanas antes.

A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 foi de 56,50% para 56,55%. Há um mês, estava em 55 80%. Para 2021, a expectativa foi de 57,80% para 57,95%, ante 57 70% de um mês atrás.

Resultado primário

O Focus trouxe ainda revisão na projeção para o resultado primário do governo em 2020. A relação entre o déficit primário e PIB este ano passou de 1,15% para 1,20%. No caso de 2021, foi de 0,56% para 0,53%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,10% e os mesmos 0,53%, respectivamente.

Na semana passada, o Congresso Nacional aprovou decreto que reconhece estado de calamidade pública no País, o que suspende a obrigatoriedade de o governo cumprir a meta fiscal de 2020.

De acordo com o Focus, a previsão para a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 passou de 5,50% para 5,60%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2021, passou de 4,97% para 4,86%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 5,50% e 5,20%, nesta ordem.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Balança comercial

Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2020 na pesquisa Focus, de superávit comercial de US$ 36,10 bilhões para US$ 35,25 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 37 bilhões. Para 2021, a estimativa de superávit passou de US$ 34,00 bilhões para US$ 34,90. Há um mês, estava em US$ 35,00 bilhões.

Na estimativa mais recente do BC, o saldo positivo de 2020 ficará em US$ 32,0 bilhões. Esta projeção foi atualizada no RTI divulgado em dezembro.

No caso da conta corrente, a previsão contida no Focus para 2020 foi de déficit de US$ 59,00 bilhões para US$ 56,50 bilhões, ante US$ 55,80 bilhões de um mês antes. Para 2021, a projeção de rombo passou de US$ 60,00 bilhões para US$ 58,53 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 58,57 bilhões. O BC projeta déficit em conta de US$ 57,7 bilhões em 2020.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos. A mediana das previsões para o IDP em 2020 continuou em US$ 80,00 bilhões, mesmo patamar de um mês atrás. Para 2021, a expectativa passou de US$ 83,75 bilhões para US$ 80,00 bilhões, ante US$ 84,75 bilhões de um mês antes. O BC projeta IDP de US$ 80,0 bilhões em 2020.

Acompanhe tudo sobre:Boletim Focuseconomia-brasileiraGoverno BolsonaroIndústria

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto