Economia

Mercado projeta tombo do PIB do Brasil superior a 10% no segundo trimestre

A queda de 1,5% no PIB registrado no primeiro trimestre não é nem de longe o retrato do impacto da pandemia da covid-19, de acordo com analistas

Economia brasileira: projeções apontam para queda de até 13,7% no segundo trimestre de 2020 (Antonio RODRIGUEZ/AFP)

Economia brasileira: projeções apontam para queda de até 13,7% no segundo trimestre de 2020 (Antonio RODRIGUEZ/AFP)

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Clara Cerioni

Publicado em 29 de maio de 2020 às 15h44.

A queda de 1,5% no PIB do primeiro trimestre não é nem de longe o retrato do impacto da pandemia da covid-19 para a economia brasileira, de acordo com bancos e consultorias. De acordo com as projeções dos analistas, a economia brasileira deve registrar um tombo superior a 10% no próximo trimestre.

O Itaú Unibanco estima que o tombo será de 10,6% no próximo trimestre deste ano. Por sua vez, o Santander projeta uma contração de 13,5% em igual período. A XP Investimentos calcula que a queda no segundo trimestre será de 13,7%.

O americano Goldman Sachs também é pessimista em sua avaliação. De acordo com o banco, a atividade econômica deve recuar 12,9% no segundo trimestre.

"Atualmente, o Brasil é um dos dos epicentros de casos da covid-19, os testes têm sido comparativamente baixos e os dados de mobilidade mostram que a conformidade com as ordens de isolamento social do governo local está abaixo do que as autoridades desejariam. Além disso, o governo federal e as autoridades locais continuam discordando quanto ao escopo e à intensidade das medidas para lidar com a crise de saúde pública. Nesta fase, não está claro quando a curva viral atingirá o pico", escreveu Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman para América Latina.

Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, afirma que os dados preliminares apontam para o fundo do poço em abril e uma melhora dos indicadores em maio e junho: "A medida que as medidas de isolamento foram diminuindo, a economia deve dar indícios de retomada. Existem incertezas sobre a velocidade da capacidade, mas vemos uma volta ao longo do segundo semestre".

Para Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, os dados divulgados nesta sexta são uma "foto do passado”. Ele ressalta que bastaram 15 dias em uma amostra de 90 para que pilares do PIB doméstico, como o consumo das famílias e o setor de serviço, apresentasse o pior resultado em décadas.

A estimativa do ABC Brasil é de queda de 12% no segundo trimestre. Dados do Boletim Focus, do Banco Central, indicam que o PIB irá retrair 13,5% entre abril e agosto.

"Temos visto na China a recuperação está mais rápida do setor industrial e mais lenta do setor de serviços. Num país como no Brasil, onde o setor de serviços é muito mais importante do que setor industrial, isso será muito ruim", explica.

As economias asiáticas e europeias, cujo impacto da pandemia na economia aconteceu já nos primeiros meses deste ano, apresentaram recuos mais acentuados no primeiro trimestre do que o Brasil.

A China, país onde a doença surgiu, registrou queda de 6,8% nos três primeiros anos deste ano, o primeiro resultado negativo desde 1992. A Europa também foi fortemente impactada já no primeiro trimestre de 2020.

Na França, a atividade econômica recuou 5,8%, maior queda desde 1949, quando começaram os registros do PIB do país. Na Espanha, o tombo foi de 5,2%, o maior desde a Guerra Civil espanhola (1936-1939).

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