Economia

Mercado imobiliário começa a desacelerar na China

Para Nicholas Lardy, do Peterson Institute for Internacional Economics, apetite para mercado imobiliário pode estar caindo


	Funcionária de banco na China conta notas de iuan: investimento em imóveis no país está em desaceleração
 (China Photos/Getty Images)

Funcionária de banco na China conta notas de iuan: investimento em imóveis no país está em desaceleração (China Photos/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2012 às 10h46.

São Paulo – Os dados oficiais indicam que o crescimento do PIB da China está diminuindo de um pico de 12% para cerca de 7,4%. “O ponto otimista, na base trimestral, é que parece que a economia saiu do ponto mais baixo, no começo do ano. Mas há muitos indicadores qualitativos e quantitativos que questionam esses números”, disse Nicholas Lardy, sênior fellow do Peterson Institute for Internacional Economics.

Para Lardy, a diminuição deve-se, entre outros fatores, a uma queda no crescimento de exportações, que passou de crescimento de 30% em 2010 para 10% no começo desse ano. “O setor externo se tornou um peso no crescimento econômico e não um contribuinte”, isso resulta da diminuição de exportações para a Europa, que está em crise e é o maior destino de exportações chinesas. “Com a Europa em recessão, acho difícil ver uma recuperação”, disse Lardy, durante a 4ª Conferência Internacional do Conselho Empresarial Brasil-China, realizado hoje, em São Paulo.

Um segundo motivo é a queda de investimentos, segundo Lardy. “A fonte principal de desenvolvimento tem sido o setor imobiliário, um dos maiores impulsionadores do crescimento econômico nos últimos anos”, disse. De um ano para cá, esse investimento caiu e está com metade do ritmo dos dois anos anteriores, o que também tem efeitos sobre outros setores, como o aço.

Imóveis

Para entender o que vai acontecer na economia chinesa no futuro é necessário observar o setor de propriedades e imóveis, segundo Lardy. Nas últimas décadas, em decorrência da dificuldade de movimentar dinheiro ou levar para o offshore [investir outros países], as pessoas passaram a se interessar por investimentos em imóveis, segundo Lardy. “15% da população urbana tem duas casas. Cerca de 5% tem três ou mais casas”, disse.


“O apetite para compra de propriedades parece que está caindo na China”, disse Lardy, citando uma pesquisa de um banco chinês que mostra que a alocação planejada de imóveis como forma de investimento está caindo e que a exposição dos bancos a propriedades também vem caindo.

Cerca de 40% de todas as moradias sendo compradas em 2010 eram especulação e investimentos, segundo o pesquisador. Agora, Lardy acredita que isso não irá continuar. “Talvez esteja acontecendo uma desaceleração no investimento em imóveis, pois a demanda está caindo”, afirmou. 

“Os fatores sugerem que estamos no início de uma correção de longo prazo com relação ao mercado imobiliário. A demanda de investimento provavelmente vai cair ou crescer mais lentamente”, disse. Nesse momento é necessário buscar fontes alternativas de demanda para a economia chinesa continuar crescendo rapidamente, segundo Lardy. “O consumo imobiliário tem que começar a aumentar mais significativamente do que tem ocorrido no passado”, disse. Isso requer a adoção de políticas que incentivem mais gastos com consumo imobiliário para compensar as quedas nos investimentos.

Para Lardy, há quatro políticas que precisam ser implementadas na China: a redução da intervenção do mercado de câmbio, a reforma do sistema de precificação para energia e eletricidade, a liberalização das reformas de taxas de juros e criar uma rede de segurança social, levando as pessoas a diminuírem as reservas e consumirem mais. Na China, a taxa de poupança é de 40% da renda disponível. 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoIndicadores econômicosPIB

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados