Economia

Mercado espera inflação de 7,65% no ano, mais que o dobro da meta

Dado consta no boletim Focus, do Banco Central. Publicação não foi divulgada por três semanas, em razão da paralisação de servidores, e foi retomada nesta terça

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 26 de abril de 2022 às 09h43.

Última atualização em 26 de abril de 2022 às 10h36.

Após três semanas sem publicação por causa da paralisação dos servidores, o Banco Central voltou a divulgar o boletim Focus, que reúne as projeções do mercado, nesta terça-feira. Nesse período “no escuro”, as expectativas de inflação subiram de 6,86% neste ano, no relatório divulgado em 28 de março, para 7,65% nesta semana. A expectativa, assim, é mais que o dobro da meta oficial da inflação para o ano, de 3,5%, e está em elevação há 15 semanas.

O mercado também elevou a sua projeção para a Selic neste ano, que passou de 13%para 13,25%. A expectativa de crescimento do PIB variou de 0,5% para 0,65% completando quatro semanas de alta. Já o câmbio passou de R$ 5,25 para R$ 5, na quinta semana de queda.

As expectativas do mercado contrastam com as do governo. Na última edição do Boletim Macrofiscal, divulgada pelo Ministério da Economia em março, a projeção de inflação para 2022 era de 6,55% para o IPCA. Já a expectativa para crescimento do PIB é de 1,5%.

PIB da China, feriado na Europa, Inter e o que mais move o mercado

Em março, quando o último relatório foi divulgado, já fazia sete semanas que economistas recalculavam a inflação de 2022 para cima, cada vez mais longe da meta de 3,5% estabelecida para este ano. Mesmo considerando o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo, o número ainda ficaria acima do teto, que seria de 5%, o que implicaria no descumprimento da meta pelo segundo ano consecutivo. A atual projeção extrapola o teto da meta em 2,65 p.p..

A inflação vem sem antendo alta e persistente no Brasil. Os preços também são impactados pelos reflexos da guerra entre Ucrânia e Rússia nos combustíveis e alimentos em todo o mundo. O presidente do BC,Roberto Campos Neto, já admitiu que o núcleo de inflação está muito alto e disse que o indicador do IPCA de março, o maior para o mês desde 1994, foi uma surpresa.

Para 2023, o mercado está projetando uma inflação de 4%, ante 3,80% do último boletim. O número também é superior à meta estipulada para o próximo ano, que é de 3,25%. Em relação ao PIB, a expetativa é de crescimento de 1%. Há quatro semanas, a expectativa era de 1,30%. A Selic foi estimada em 9%.

Atraso nas divulgações

A paralisação dos servidores do BC vinha afetando a divulgação de relatórios desde meados de março, quando começaram os atrasos nas divulgações de indicadores – além do Focus, o Ptax, taxa de câmbio usada como referência para o dólar comercial, foi afetado.

Em abril, vários relatórios deixaram de ser publicados, como de estatísticas fiscais, de crédito e do setor externo, e o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB. Especialistas alertavam que a não divulgação dessas pesquisas poderia afetar até mesmo a reunião do Copom,marcada para os dias 3 e 4 de maio.

Os servidores, no entanto, após algumas rodadas de reuniões com Campos Neto optaram por interromper a greve. A avaliação é de que a sinalização de reajuste de 5% por parte do governo para todos os servidores aliada ao avanço de reivindicações dessa carreira que não estão relacionadas a questão salarial permitiam uma “pausa” na mobilização. A categoria aguarda uma proposta oficial do governo até o dia 2 de maio.

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