Economia

Mercado de energia terá choque de oferta, diz ministério

Secretário do Ministério de Minas e Energia disse que o mercado de energia elétrica brasileiro terá um choque de oferta nos próximos anos


	Cabos de transmissão de energia elétrica: queda no consumo e à entrada de novos projetos energéticos causará o choque, segundo secretário
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Cabos de transmissão de energia elétrica: queda no consumo e à entrada de novos projetos energéticos causará o choque, segundo secretário (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2015 às 17h38.

Rio de Janeiro - O mercado de energia elétrica do Brasil sofrerá um choque de oferta nos próximos anos devido à queda no consumo e à entrada de novos projetos energéticos e já é possível vislumbrar o desligamento este ano de algumas térmicas atualmente acionadas, disse o secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho.

Segundo ele, os projetos de energia que vão entrar em operação em 2016 e 2017 são maiores que a demanda para o período.

Ventura explicou que esses projetos foram contratados no passado, em leilões do tipo A-3 e A-5, em que se imaginava uma demanda maior que a que se vislumbra atualmente.

Com a desaceleração da economia e o encarecimento do preço da energia, houve uma redução na demanda. A previsão é que em 2016 haja uma oferta adicional de energia de aproximadamente 8 mil MW e, outros 11 mil em 2017, segundo Ventura.

"Essas usinas forma definidas nos leilões A-5 e A-3. Já estão em construção e foram definidas numa previsão de mercado maior que a atual em função da situação que atravessamos. Isso criará um choque de oferta”, disse ele a jornalistas.

"Esse montante de energia nova é significativo e diante do mercado reduzido podemos dizer que a situação de oferta tende a caminhar para uma situação confortável", acrescentou.

O secretário do MME destacou ainda que a oferta de energia nova prevista para 2015 é superior aos 6 mil MW adicionais disponibilizados no ano passado, mas o consumo de energia esse ano será menor que o do ano passado.

Segundo ele, com a demanda fraca e a entrada em operação de novos projetos já seria possível se vislumbrar o desligamento de algumas térmicas no fim do ano.

As usinas termelétricas vem operando a todo vapor desde o ano passado para suprir a demanda diante de uma forte estiagem que afetou o país e reduziu o nível de armazenamento de água dos reservatórios das hidrelétricas.

TAPAJÓS E DEMISSÃO

Ventura reiterou o desejo do governo federal de viabilizar o leilão da polêmica usina hidrelétrica de São Luíz do Tapajós, no rio Tapajós, no Pará.

Na concepção, a usina do Tapajós estava prevista para entrar em operação em 2016, mas a nova projeção para a usina a fio d’água aponta para 2020.

"Não tenho dúvida que é uma usina viável (...) do ponto econômico e ambiental", avaliou. "Não está em terra indígena, tem área inundada pequena e é do tipo usina plataforma", adicionou ele.

Usinas hidrelétricas a fio d'água funcionam com reservatórios menores que hidrelétricas tradicionais pois não armazenam água para épocas de estiagem.

O empreendimento no Pará ainda depende de licenciamento ambiental e envolve também discussões indígenas.

O secretário anunciou o desejo de deixar o Ministério de Minas e Energia. Segundo ele, o assunto já está sendo tratado com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.

"É um assunto em evolução que está na minha cabeça; já estou há muito tempo lá, quero voltar a conviver com minha família e a renovação é desejável", disse Ventura, que já atuou na Eletrobras e em Itaipu e trabalha no ministério há quase 10 anos.

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