Economia

Mercado de cigarro eletrônico estaria ameaçado por regulação

Indústria de US$ 1,5 bilhão triplicou suas vendas neste ano com a ajuda de anúncios de TV, patrocínios para a Nascar e brindes de produtos


	Pessoa fuma cigarro eletrônico: o cigarro eletrônico dispersa vapor de nicotina e propilenoglicol nos pulmões
 (Kenzo Tribouillard/AFP)

Pessoa fuma cigarro eletrônico: o cigarro eletrônico dispersa vapor de nicotina e propilenoglicol nos pulmões (Kenzo Tribouillard/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 13h50.

Washington - A indústria americana de cigarros eletrônicos de US$ 1,5 bilhão triplicou suas vendas neste ano com a ajuda de anúncios de TV, patrocínios para a Nascar e brindes de produtos. A regulação do governo pode agora ameaçar essas táticas de marketing.

A Administração de Alimentos e Drogas dos EUA, a FDA, deverá decidir neste mês se unirá o cigarro eletrônico ao cigarro convencional em sua supervisão do mercado americano do tabaco, de US$ 90 bilhões.

Este passo definiria o cenário para maiores restrições a produção, publicidade, aroma e vendas online.

Com pelo menos 40 estados americanos buscando leis mais estritas e autoridades federais da saúde subindo o tom do alerta em relação ao uso de cigarros eletrônicos por crianças, as fabricantes dos dispositivos sem fumaça estão se preparando para a regulação da FDA.

“Nós esperávamos nos tornar um setor regulado, então é bastante possível que mudemos a forma como faremos propaganda”, disse Andries Verleur, cofundador da fabricante de cigarro eletrônico VMR Products.

Os cigarros eletrônicos esquentam a nicotina líquida em um vapor que é inalado sem o alcatrão dos cigarros normais.

No momento, os marqueteiros trabalham com poucos, se é que há algum, dos limites regulatórios aplicados a empresas de cigarros como a Philip Morris USA e a Reynolds American Inc. As propagandas de empresas de cigarros na TV americana foram proibidas em 1971 e em 2010 a FDA proibiu a distribuição de amostras grátis de cigarro.

Foco em discotecas

A Victory Electronic Cigarettes Corp., gerenciada pelo mesmo executivo de marketing que ajudou a transformar a InBev NV em uma cervejaria líder, está distribuindo 1 milhão de cigarros eletrônicos a partir deste mês em eventos em 50 cidades dos EUA. Haverá uma van de viagens e tendas nas corridas da Nascar, disse o CEO Brent Willis, que já foi presidente de operações na região Ásia-Pacífico da InBev e ajudou a introduzir a marca Kraft na China.

A Logic Technology Inc., que responde por 17 por cento das vendas do setor, planeja focar em bares e discotecas de Manhattan neste ano ou no começo de 2014.

“Você vai aonde os fumantes adultos estão”, disse Miguel Martin, presidente da Logic, com sede em Livingston, Nova Jersey, em uma entrevista.

O setor diz que os cigarros eletrônicos são uma alternativa mais saudável e limpa aos cigarros tradicionais. Muitos discordam. Pelo menos 40 procuradores-gerais do Estado nos EUA pediram, em 24 de setembro, que a FDA regulasse imediatamente a venda e a publicidade dos cigarros eletrônicos em uma carta que disse que os produtos são atraentes para os jovens e que ninguém “garante que seus ingredientes sejam seguros”.

Crianças viciadas

Isso ocorreu após um relatório de 5 de setembro no qual os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) subiram o tom do alerta a respeito de crianças tornando-se viciadas em nicotina. O CDC descobriu que a parcela de estudantes dos EUA no Ensino Médio e na universidade que usavam cigarros eletrônicos dobrou para 10 por cento em 2012, contra 4,7 por cento um ano antes.

Como comparação, a parcela de adolescentes que relatou fumar cigarros convencionais diariamente ou mais casualmente caiu para 8,3 por cento em 2010, contra 11,9 por cento em 2004, disse a Administração Federal para Serviços de Saúde Mental e Abuso de Substâncias dos EUA neste ano.

O senador Dick Durbin, de Illinois, e outros 11 democratas se basearam no relatório para pedir regulação imediata da FDA e exigir que as fabricantes de cigarros eletrônicos forneçam documentos relacionados a venda, rotulagem e comercialização de seus produtos para crianças.

“Apesar das alegações de algumas fabricantes de cigarros eletrônicos de que eles não promovem seus produtos para jovens e que as crianças não deveriam ter acesso a seus produtos, as fabricantes de cigarros eletrônicos parecem estar utilizando táticas de marketing similares àquelas usadas pela indústria de cigarros convencionais para atrair uma nova geração de jovens”, escreveram os senadores em uma carta de 26 de setembro para as fabricantes de cigarros eletrônicos.

As empresas de cigarros eletrônicos estão trabalhando com padrões de fabricação e restrições etárias enquanto dizem que os limites a respeito de anúncios não deveriam estar sendo discutidos. Verleur, da VMR, disse que sua empresa, fabricante da marca V2 Cigs, e seus concorrentes pediram reuniões à FDA para dar sua versão na discussão.

“Uma coisa que seria muito ruim é nos classificar juntamente com cigarros tradicionais e aplicar alguns dos mesmos padrões”, disse ele.

Acompanhe tudo sobre:CigarrosCigarros eletrônicosDrogasEmpresasEmpresas americanasFDAPhilip MorrisSaúde

Mais de Economia

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?