Economia

Mercado acha que vale apoio desconfiado à Marina Silva

Economistas avaliam que ainda é cedo para prever até quando o bom desempenho da ex-ministra na campanha vai continuar precificando os ativos financeiros


	Mercado tem mais certezas em relação ao candidato tucano do que na ambientalista
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Mercado tem mais certezas em relação ao candidato tucano do que na ambientalista (REUTERS/Ricardo Moraes)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2014 às 12h01.

São Paulo - Com discurso e programa de governo amigáveis ao mercado e desempenho cada vez melhor nas pesquisas de intenção de voto, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, vem conquistando o mercado financeiro. Mas, apesar de ter as propostas na área econômica elogiadas e ser vista agora como uma expectativa de mudança mais provável do que o candidato do PSDB, Aécio Neves, a ex-senadora ainda não inspira no mercado a confiança de que vai de fato implementar as mudanças necessárias.

Diante dessa incerteza, economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, avaliam que ainda é cedo para prever até quando o bom desempenho da ex-ministra na campanha vai continuar precificando os ativos financeiros.

Para o ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, a precificação dos ativos do mercado tem sido influenciada muito mais pela redução da chance de reeleição da presidente Dilma do que propriamente em razão das propostas apresentadas por Marina.

Ele lembra, contudo, que esse comportamento chegará a um limite e é difícil prever até quando o bom desempenho da candidata vai continuar influenciando positivamente os ativos financeiros. "Existe um limite de precificação porque os preços se ajustam e podem chegar a um patamar que o mercado não estaria disposto a pagar", explica.

Loyola afirma que, mesmo apostando na vitória da ex-senadora, o mercado tem "mais certezas" em relação ao candidato tucano do que na ambientalista, em razão do histórico do PSDB no poder e pelo quadro de assessores de Aécio.

"Embora o discurso dela esteja agradando", ressalva. Apesar de a Tendências Consultoria apostar que, num eventual segundo turno, a ambientalista tem 50% de probabilidade de se eleger contra 40% de chances de Dilma e 10% de Aécio, o economista pondera que é cedo para descartar uma provável vitória do tucano. "Ninguém sabe como virão as próximas pesquisas. Vai que, na próxima, a Dilma sobe e a Marina cai. Tudo muda", afirma.

O economista-sênior do Banco Espírito Santo do Brasil (Besi Brasil), Flávio Serrano, também avalia que, na hora da precificação, a expectativa de mudança do atual governo com o crescimento de Marina nas pesquisas se sobrepõe ao próprio programa de governo mais liberal do PSB, que agrada ao mercado, e às demonstrações de menor rigidez política que a candidata vem apresentando.

"O mercado está colocando preço na expectativa de mudança mais forte porque, na medida em que tem um novo governo, as chances de mudanças são maiores", explica. Na avaliação dele, no entanto, isso não significa que o mercado dá como certo que a ex-senadora vai realizar as reformas que vem prometendo.

BC independente

Já o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, avalia que a resposta nos preços dos ativos financeiros é reflexo não só da cada vez maior expectativa de eleição de Marina, mas do próprio programa de governo. Segundo ele, o mercado gostou das propostas apresentadas pela pessebista na última sexta-feira, principalmente a parte de política econômica menos intervencionista. "De certa forma, foi até surpreendente a proposta dela.

Achávamos que ela iria ser mais conservadora. Tanto que até o PSDB não está propondo essa independência formal do Banco Central", ressalta. Para ele, o desempenho da candidata na campanha tem surpreendido positivamente o mercado. "Ela consegue agradar tanto eleitores de Aécio quanto de Dilma, principalmente aqueles que defenderam mudanças durante as manifestações de junho (de 2013). Coisa que o Aécio não conseguiu", justifica.

Rostagno lembra que, desde a morte de Eduardo Campos, as chances do tucano diminuíram bastante. De acordo com ele, o mercado enxerga a disputa hoje entre Dilma e Marina e encara que apenas um fato novo poderia trazer Aécio de volta ao páreo. Apesar dos sinais de maior flexibilidade política, o economista considera uma "incógnita" como Marina vai trabalhar o aspecto político, o que torna difícil precisar até quando o mercado vai continuar reagindo favoravelmente ao bom desempenho da ex-senadora.

O estrategista-chefe da Fator Corretora, Paulo Gala, também avalia que tanto o programa de governo da ambientalista, mais explicitamente pró-mercado, como a expectativa de ela vencer a presidente Dilma nas eleições deste ano têm precificado os ativos. Para ele, é "muito cedo" para afirmar que isso significa que o mercado financeiro tem confiança de que Marina vai cumprir as promessas apresentadas.

Ao contrário de Rostagno, o economista considera que é preciso esperar mais alguns dias de campanha para descartar as chances de Aécio Neves concorrer ao segundo turno. O tucano deve apresentar o programa de governo dele no fim desta semana.

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