Trump: o FMI declarou que caminha para rever para baixo a expectativa de crescimento americano em 2016 (Carlo Allegri / Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2016 às 19h21.
A economia dos Estados Unidos criou menos empregos do que o esperado em agosto, gerando dúvidas sobre um rápido aumento das taxas de juros, o que deu munição a Donald Trump para criticar aparentes fraquezas do mercado de trabalho.
Agosto foi o sexto mês consecutivo de criação de emprego, com 151 mil novas vagas, mas esse número contrasta com as 275 mil criadas no mês anterior.
Além disso, foi bem menos do que os analistas previam, de acordo com dados divulgados pelo Departamento do Trabalho americano nesta sexta-feira (2).
Os mercados esperavam por esse relatório para encontrar algum indício sobre se o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) tem as condições para decidir, em três semanas, se aumenta os juros pela primeira vez este ano.
No momento, porém, não parece muito claro que os dados possam influenciar os membros do Fed, e os analistas têm visões divergentes sobre se a instituição se inclinará pela alta das taxas.
Os empregos criados foram absorvidos pela crescente força de trabalho, e os resultados mostram estabilidade.
A taxa de desemprego se mantém em 4,9% pelo terceiro mês seguido, e o total dos que estão desempregados há muito tempo continua sendo de dois milhões.
Nariman Behravesh, economista-chefe da IHS Market, disse que os dados implicam que o desemprego provavelmente continuará igual no curto prazo e observou uma "firme, mas nada estimulante, velocidade de cruzeiro" para um crescimento econômico entre 2% e 2,5%.
Os dados foram divulgados às vésperas da viagem do presidente Barack Obama à China, onde participará de uma reunião de líderes do G20. Em pauta, está o debate sobre formas de estimular o desaquecido crescimento econômico mundial.
Na quinta (1º), o Fundo Monetário Internacional (FMI) declarou que caminha para rever para baixo a expectativa de crescimento americano em 2016.
Para o Fed, cujo Comitê de Política Monetária se reúne no dia 21 deste mês, esses dados parecem não trazer nada de novo.
Muitos membros vão considerar esse informe como consistente com o sólido crescimento da atividade e continuarão acreditando em que a atividade continuará fazendo a inflação subir para a meta do Fed, na avaliação de Rob Martin e Michael Gapen, do banco Barclays.
Ambos preveem que o Fed subirá as taxas este mês.
Críticas de Trump
Como vem acontecendo nos últimos meses, foi o setor de serviços que alavancou o emprego, principalmente o de reformas e de bebidas (+34.000), assim como o de serviços sociais (+22.000), serviços às empresas (+20.000) e serviços de Saúde (+14.000).
Já a indústria voltou ao vermelho, perdendo 24.000 postos de trabalho.
O salário médio da hora de trabalho teve míseros três centavos de aumento, a US$ 25,73, e marca um aumento anual de 2,4%.
O economista Justin Wolfers, da Universidade de Michigan, indicou que o relatório mostrou que a economia dos Estados Unidos continua em uma saudável trajetória ascendente, mas há sinais muito frágeis de pressões inflacionárias.
"Agora é certo que a economia continuará avançando de forma saudável e com algum impulso até o dia da eleição presidencial de 8 de novembro", afirmou.
Com a elevada criação de vagas, os dados do mercado de trabalho de julho causaram euforia e foram vistos como uma ajuda para a candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton.
Seu rival republicano, o magnata Donald Trump, enfatizou, contudo, os dados negativos.
Hoje, a campanha de Trump buscou aproveitar os pontos frágeis do relatório de agosto para atacar a rival por intermédio da política econômica do governo de Barack Obama.
Os novos postos oferecem pouca estabilidade, ou perspectivas, aos trabalhadores, apontou o comitê de campanha de Trump em um comunicado.
"Mais de um terço é de emprego de baixa remuneração no setor de serviços, como no comércio varejista e de restaurantes, que não servem para manter uma família, pagar uma casa, ou enviar os filhos para a universidade", acrescentou.