Ex-ministro não acredita numa reforma fiscal no governo Dilma (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2014 às 13h39.
São Paulo - Apesar da estabilidade macroeconômica que o Brasil conquistou nos últimos anos, o crescimento do país ainda corre riscos se os próximos governos não cuidarem de algumas fragilidades. O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, da Quest Investimentos, vê o futuro com ceticismo, principalmente do ponto de vista político. “Não confio no governo de Dilma Rousseff. Eles vão criar muitos problemas para nós”, afirmou.
Mendonça de Barros, que foi ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso, participou de evento em São Paulo organizado pela revista britânica The Economist. Em conversa com outros especialistas, o economista disse que não acredita que o novo governo vá colocar em prática medidas necessárias para o avanço do país, como os cortes nos gastos, um verdadeiro ajuste fiscal e mais investimentos em infraestrutura.
“Não há medidas para a falta de infraestrutura no Brasil. Quando você olha para nosso portos, para o suprimento de energia, vê que estamos operando no limite da capacidade. Daqui a três anos, por exemplo, não teremos muitas alternativas baratas para fornecer energia elétrica. Quando olho para frente, vejo uma situação difícil.”
Na opinião do economista, o Brasil entrou em uma nova era, depois de 16 anos de políticos bem conhecidos, tanto no país quanto internacionalmente. “Temos uma economia e uma situação política mais estáveis. Porém, ainda dependemos muito do presidente para os movimentos estratégicos. Mas nossa presidente agora é desconhecida e não está preparada para ser eficiente como foram seus antecessores”.
Tensão
Para o economista e ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, que participou do debate com Mendonça de Barros, os próximos meses reservam uma tensão para o país. Ele afirmou que a crise global “liberou maus espíritos relacionados à política fiscal” no mundo todo.
Para ele, no Brasil, instalou-se um clima de desconfiança em relação às questões fiscais. “Na primeira fase do governo Lula, a questão foi resolvida com altas taxas de juros, e é por isso que temos as maiores taxas do mundo”, disse.
Franco lembrou que o país aguarda a escolha de quem estará à frente do Ministério da Fazenda e do Banco Central. “Creio que o BC vai continuar reagindo à alta da demanda elevando os juros. Por isso, a tensão entre o banco e a Fazenda vai continuar indefinidamente.”