Economia

Meirelles vê "mal entendido" com gasolina

A intenção do governo, segundo o ministro, não é baixar imposto ou o preço dos combustíveis, mas mudar o cálculo do ICMS

Meirelles: pré-candidato ao Palácio do Planalto, Meirelles rechaçou qualquer influência eleitoral sobre o tema (Adriano Machado/Reuters)

Meirelles: pré-candidato ao Palácio do Planalto, Meirelles rechaçou qualquer influência eleitoral sobre o tema (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de março de 2018 às 11h39.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirma que houve um "mal entendido" no debate sobre a mudança na tributação da gasolina. A intenção do governo, segundo ele, não é baixar imposto ou o preço dos combustíveis. A intenção é mudar o cálculo do ICMS - que responde por cerca de 30% do preço cobrado nos postos - para que a arrecadação desse imposto estadual seja menos volátil. Pré-candidato ao Palácio do Planalto, Meirelles rechaçou qualquer influência eleitoral sobre o tema.

Na quarta-feira (7), Meirelles disse que o governo discute com a Petrobras uma política de combustíveis "de maneira que um aumento de preços (do petróleo) no mercado internacional não venha a prejudicar o consumidor em última análise, e, por outro lado, uma queda muito grande também não venha prejudicar, no caso, a própria Petrobras".

Ao tentar se explicar, o ministro disse que o atual sistema de cobrança do ICMS gera situações que podem, no limite, resultar em problemas fiscais para os Estados. "O ICMS é um porcentual do preço da gasolina. Quando esse preço sobe, aumenta a receita. O problema grave ocorre quando Estados tratam essa receita como sendo permanente", disse Meirelles.

O ministro argumenta que o atual sistema pode incentivar o aumento de gastos estaduais quando governadores passam a tratar receitas temporárias como sendo permanentes. "E quando o preço do petróleo cai há crise fiscal".

Alíquota nominal

Segundo o ministro, a mecânica em estudo na Receita Federal propõe uma alíquota nominal - em reais - sobre o litro da gasolina a ser calculada conforme o preço médio do combustível no ano anterior corrigido pela inflação. "Se o petróleo subir ou descer, o imposto vai ter um valor determinado. Estados passam a ter uma receita certa", defende. "É uma medida que estabiliza a receita".

Ao negar qualquer intenção eleitoral nesse debate iniciado pelo próprio ministro, Meirelles citou que o tema ainda está em "início de discussão" e "não é algo para se decidir agora". "O consumidor não seria prejudicado", disse, ao argumentar que só haveria uma nova maneira de se calcular o imposto. "É um debate sem aumento da carga".

O secretário de Fazenda do Rio Grande do Norte e coordenador do Confaz - grupo que reúne secretários estaduais de Fazenda -, André Horta, diz que os Estados ainda não foram contatados sobre o tema, mas demonstra interesse no debate. "Estados estão sempre abertos ao diálogo, mas é preciso ter atenção porque há interesses diferentes. O desafio é harmonizar os interesses".

Segundo a Petrobras, o ICMS responde atualmente por cerca 30% do preço da gasolina. A incidência desse imposto, porém, não é uniforme.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:GasolinaHenrique MeirellesICMS

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições