Economia

Meirelles: Seria razoável agências esperarem votação de reforma

A equipe econômica tenta mostrar otimismo quanto às chance de aprovação do texto em ano eleitoral e evitar um rebaixamento do país pelas agências de risco

Meirelles: o ministro avaliou que eventual participação do ex-presidente Lula nas eleições seria "ótima" (Adriano Machado/Reuters Brazil)

Meirelles: o ministro avaliou que eventual participação do ex-presidente Lula nas eleições seria "ótima" (Adriano Machado/Reuters Brazil)

R

Reuters

Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 22h05.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira que "seria mais razoável" que agências de rating aguardem a votação da reforma da Previdência antes de eventualmente rebaixarem a nota de crédito do país.

Em entrevista à Rádio Eldorado, do grupo Estado, Meirelles afirmou que irá pontuar às agências que uma aprovação do texto na Câmara dos Deputados agora seria positiva, mas que a postergação desse processo para fevereiro não significa que não receberá sinal verde dos parlamentares.

"Seria mais razoável as agências de rating esperarem até a votação. Se não for aprovada (a reforma), evidentemente, aí sim haveria o movimento de downgrade. Agora, se alguma resolver se antecipar, aí é um direito dela", completou.

Depois de insistir na votação da reforma ainda neste ano na Câmara dos Deputados, a equipe econômica tenta mostrar otimismo quanto às chance de aprovação do texto em ano eleitoral, ao mesmo tempo em que Meirelles atua para impedir que expectativas ruins causem danos à economia. Na quinta-feira, ele conversará com as agências de risco, por telefone.

Em outra frente, o presidente Michel Temer afirmou na noite desta segunda-feira que os parlamentares que apoiarem a reforma da Previdência vão ter votos nas eleições do próximo ano e indicou que aqueles que se posicionarem contra a proposta terão "problemas" no futuro.

Eleições presidenciais

Numa entrevista dominada por temas políticos, Meirelles também apontou que ter chances reais de ganhar a disputa presidencial de 2018 é um dos fatores que ele leva em conta ao analisar se deixará o cargo no fim de março, início de abril, para sair candidato.

As pesquisas de intenção de voto divulgadas até o momento refletem de forma "muito pouco realista" o que vai acontecer à frente, quando tiver início o período de debates, avaliou.

O ministro avaliou que eventual participação do ex-presidente Lula nas eleições seria "ótima", mas que há questão de decisão soberana da Justiça a respeito dessa possibilidade. No dia 24 de janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgará uma apelação de Lula contra condenação no caso do tríplex do Guarujá.

Sobre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Meirelles saudou a iniciativa do PSDB de ter fechado questão a favor da reforma da Previdência, mas ponderou que o candidato do governo ao Palácio do Planalto deverá ser alguém que apoie a gestão de Michel Temer, independentemente dos dividendos eleitorais.

"Para ser apoiado pelo governo tem que estar parte do governo, tem que estar apoiando o governo. Então eu acho que a tendência é ter um candidato que apoia o governo e que está exatamente fazendo parte dessa estrutura de apoio ao governo."

O ministro voltou a ressaltar a importância das reformas implementadas por Temer e disse que uma reversão na direção da política econômica seria grave para o país, "seja o Lula candidato, seja outro candidato qualquer".

Meirelles também afirmou que 2018 deverá ser marcado por processo intenso de criação de vagas de trabalho, com o índice de desemprego caminhando para um dígito, ainda que não consiga exatamente chegar lá.

Acompanhe tudo sobre:FitchGoverno TemerHenrique MeirellesReforma da PrevidênciaStandard & Poor's

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte