Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles: ele almeja ser candidato a presidente da República (Adriano Machado/Reuters Brazil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de janeiro de 2018 às 11h56.
Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), disse na noite de sexta-feira (5) em discurso de pouco mais de seis minutos para fiéis da igreja evangélica Sara Nossa Terra, em Brasília, que "fez algumas coisas básicas" para colocar a economia "em ordem".
Ao subir ao palco montado em um pavilhão, foi apresentado por Flávio Rocha, presidente do grupo Riachuelo e do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), como o responsável pelo "maravilhoso milagre da economia brasileira". Meirelles almeja ser candidato a presidente da República.
Sem citar o presidente Michel Temer, Meirelles afirmou que foi graças ao seu trabalho à frente da Fazenda que "saímos da maior crise da história do Brasil", vivida entre 2015 e 2016, no governo da presidente cassada Dilma Rousseff.
"O que fizemos foi começar a controlar as despesas, fixando, inclusive, regra de aumento de despesas, privilegiando aquilo que interessa, que é a população brasileira, que são vocês, que são os jovens. E fazendo reformas fundamentais, visando à modernização da economia brasileira", disse.
Apesar da exposição, Meirelles, que em dezembro ocupou praticamente todo o programa político do PSD no rádio e na TV, reafirmou que só decidirá se é candidato ao Planalto até o início de abril, quando ministros que vão disputar as eleições precisam deixar os cargos. O evento desta sexta (5) foi o terceiro em que Meirelles participou em igrejas evangélicas. Em junho, esteve na comemoração dos 106 anos da Assembleia de Deus em Belém. No mês seguinte, foi a Juiz de Fora, em Minas, para novo encontro com membros da mesma igreja.
Em setembro, gravou um vídeo em que pedia orações pela economia. Nesta sexta (5), após o discurso, o ministro da Fazenda participou de uma oração e recebeu bênçãos dos fiéis pelo futuro do País. "A energia que senti quando entrei aqui é exatamente isso que o Brasil precisa agora, para que possamos levar o País na direção certa", afirmou.
No palco, Meirelles ressaltou a reforma da Previdência, chamada por ele de "nova Previdência", e foi aplaudido por alguns dos presentes. "O que estamos fazendo é um esforço enorme para que cada vez mais a inflação continue baixa e que o governo passe a ter recursos suficientes para recuperação forte da economia, no crescimento do País, arrecadar mais e investir em educação, saúde e segurança", disse.
Um dos principais articuladores das mudanças previdenciárias, Meirelles tem se aproximado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado na defesa da votação da reforma, adiada para fevereiro por falta de votos. O ministro também tem mantido diálogo frequente sobre a construção de um projeto eleitoral com o DEM, o MDB e partidos do Centrão, como PRB, PP e PR. Com apenas 2% das intenções de voto, de acordo com pesquisas recentes, tenta se firmar como o candidato único da base em oposição ao governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB.
À imprensa, o ministro afirmou que seu discurso foi uma mensagem "principalmente para os jovens". "É importante que essa mensagem seja levada principalmente à população que acredita no trabalho e na ética. Porque não podemos falar apenas para empresários, banqueiros ou investidores internacionais. Temos que levar essa mensagem ao povo."
Para Rocha, o ministro tem "muito a ver" com a volta da lucidez e da responsabilidade fiscal. Já o bispo Robson Rodovalho, líder da igreja e presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab), disse que Meirelles tem legado e credibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.