Economia

Demora sugere que BC não está 100% convicto, diz MCM

Decisão de manter a taxa básica de juros em 11% ao ano confirmou a expectativa do economista-chefe da consultoria


	Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom
 (Agência Brasil)

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 22h16.

São Paulo - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 11% ao ano confirmou a expectativa do economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ele afirmou, no entanto, que a demora da reunião dos diretores do Banco Central para definir a Selic, de mais de quatro horas, pode gerar interpretações no mercado financeiro sobre o grau de convencimento dos componentes da equipe monetária em relação à atitude tomada nesta quarta-feira, 28.

"Pode ser um sinal de que o BC não está 100% convicto da decisão", comentou.

O economista fazia parte da corrente dominante dos analistas do mercado financeiro que, segundo levantamento do AE Projeções, aguardava exatamente a manutenção da Selic no nível de 11% ao ano.

De acordo com a sondagem do serviço especializado do Broadcast da Agência Estado, 76 de 85 casas trabalhavam com este cenário.

Para Fernando Genta, a manutenção do termo "neste momento" no curto comunicado da decisão também mostra que o Copom não fechou totalmente a porta para novas altas nos juros.

"É consistente com o quadro atual de inflação ainda elevada, a despeito da desaceleração na margem", comentou, lembrando que, pelos cálculos da MCM, a inflação em 12 meses deve chegar próxima a 7% em julho e agosto.

"De toda forma, vejo com pouca probabilidade qualquer mudança de juro de agora em diante. Não vejo fatos novos não contemplados já no cenário atual", ressaltou.

Para o economista-chefe da MCM, a demora na reunião do Copom e o termo "neste momento" deverão ser fatores abordados pelo mercado financeiro amanhã.

"Certamente serão comentados", avaliou. "Acho que a curva de juro pode subir um pouquinho em função do BC", complementou.

Porta aberta

Na avaliação do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, em uma reunião de mais de quatro horas, o Copom fez o que o mercado esperava, ao manter a Selic estável em 11%.

Mas, ao usar o termo "neste momento" no comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central deixou a porta aberta para novas ações, inclusive no curto prazo, e, de alguma forma, não sugere o fim do ciclo.

Para ele, os juros futuros devem ficar voláteis no pregão de amanhã, devido à surpresa com o uso do termo citado acima.

"Após a forte queda de hoje dos juros longos, poderíamos ver alguma alta. No entanto, ao deixar a porta aberta, o Copom pode ser visto como um pouco mais 'hawkish' do que se imaginava, o que pode provocar a alta do juro com vencimento em janeiro de 2015", pontuou Serrano.

"Mesmo porque, ao usar o 'neste momento' e afirmar que acompanhará a 'evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação', o BC pode voltar a subir o juro a qualquer momento", completou.

De acordo com o economista do Besi, o Banco Central, ao usar o termo "neste momento" no curto comunicado da reunião, "criou uma válvula de escape para subir, se for necessário, inclusive no curto prazo".

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