Inflação no Brasil pode beirarr os dois dígitos em caso de crise mais aguda (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2011 às 11h08.
São Paulo – A consultora MB Associados, uma das maiores do mercado, projeta um cenário sombrio para a inflação brasileira no médio prazo.
As previsões têm como premissa a continuidade da queda de juros nas próximas reuniões do Banco Central (BC). Em agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 12,50% para 12% ao ano.
A consultoria, comandada pelo ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda José Roberto Mendonça de Barros, traça dois cenários para a crise internacional (veja tabela na próxima página).
No primeiro – considerado o mais provável –, não há uma crise aguda na Europa. O Brasil cresceria em torno de 4% neste ano e em 2012, desacelerando um pouco a inflação. Depois, no entanto, passaria a ter expansão mais robusta do seu Produto Interno Bruto (PIB), levando o IPCA para o teto da meta (6,50%).
“Pode haver vários momentos de inflação novamente acima desse patamar, como estamos justamente agora. O risco eventual que corremos é que a inflação discutida não seja 6,5%, mas um número maior do que isso”, escreve o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, em relatório distribuído a clientes.
No segundo cenário, a Grécia dá um calote sem grandes negociações, gerando uma crise bancária – com efeitos semelhantes a 2008 e 2009. Nesse contexto, o Brasil teria um 2012 perdido (crescimento zero). “Poderia ser até mais negativo do que em 2009 porque a crise atual, se ocorrer, poderá ter consequências mais graves para o crescimento mundial do que naquele momento. A razão básica é que não existem mais instrumentos fortes de recuperação econômica para esses países”, explica Sérgio Vale.
A inflação deixaria de ser um problema em 2012, mas uma bomba-relógio estaria armada para os dois anos seguintes.” O pior viria em 2013 e 2014, quando os efeitos excessivamente estimulantes da política econômica levaria nosso crescimento para a casa dos 8% e aí estaríamos falando em inflação que começa a ficar fora do controle, com números que começam a beirar os dois dígitos.”
A consultoria afirma que o governo Dilma está reeditando o modelo econômico da época de Ernesto Geisel, presidente de 1974 a 1979. “Contra uma crise externa forte, a reação é fazer a economia crescer mais ainda. Aquela decisão levou a aumento do endividamento externo e inflação.”
“Qual deverá ser o resultado no longo prazo se essa política perdurar? Teremos uma inflação que gradualmente se elevará, o que exigirá um choque eventual mais forte para trazer a inflação para baixo”, conclui Sérgio Vale.
Sem crise aguda | Sem crise aguda | Com crise aguda | Com crise aguda | |
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Ano/Variável | PIB | IPCA | PIB | IPCA |
2011 | 3,8% | 6,5% | 3,2% | 6,4% |
2012 | 4,0% | 5,7% | 0,0% | 4,7% |
2013 | 6,0% | 6,5% | 8,0% | 7,5% |
2014 | 5,0% | 6,5% | 6,0% | 8,5% |