Economia

May não pensa em conceder favores aos bancos, dizem fontes

Segundo três figuras importantes da administração de May, o governo se recusará a priorizar a proteção ao setor depois que o Reino Unido tiver saído da UE


	Theresa May: a libra caiu em meio aos sinais de que as preocupações do distrito financeiro de Londres possam ser deixadas de lado
 (Damir Sagolj/Reuters)

Theresa May: a libra caiu em meio aos sinais de que as preocupações do distrito financeiro de Londres possam ser deixadas de lado (Damir Sagolj/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2016 às 17h01.

Birmingham  - As empresas britânicas de serviços financeiros não receberão favores especiais nas negociações para o Brexit da primeira-ministra Theresa May, que quer mudar o relacionamento entre o governo e o centro financeiro de Londres.

Segundo três figuras importantes da administração de May, o governo se recusará a priorizar a proteção ao setor depois que o Reino Unido tiver saído da União Europeia.

A equipe dela também descartou privadamente a principal demanda empresarial por um acordo interino com a UE para ajudar a facilitar a transição para fora do bloco, disse uma das pessoas. Todos pediram anonimato porque a informação é confidencial.

A libra caiu em meio aos sinais de que as preocupações do distrito financeiro de Londres possam ser deixadas de lado em uma clara diferença em relação à postura do antecessor de May.

David Cameron colocou o risco aos serviços financeiros no coração de sua fracassada campanha do referendo para manter o Reino Unido na UE.

Ele argumentava que o Brexit seria uma “aposta” de alto risco para o Reino Unido e seu setor de serviços financeiros, que responde por quase 12 por cento da produção econômica e por 1,1 milhão de empregos.

A mudança também pode aumentar o temor dos investidores em relação a um Brexit difícil.

A libra retomou sua queda na terça-feira em meio à crescente especulação de que o governo de May está preparado para entregar a adesão ao mercado comum de comércio europeu em troca de mais poder sobre a imigração, a promulgação de leis e o orçamento.

A libra chegou a cair 0,8 por cento em Londres, atingindo o nível mais baixo desde 1985.

Em um comunicado enviado por e-mail, um porta-voz do governo britânico informou que nenhuma decisão foi tomada sobre acordos interinos do Brexit.

“Estamos trabalhando para realizar a melhor saída possível da União Europeia e é completamente equivocado insinuar que incluímos ou descartamos acordos transitórios”, informou o porta-voz no comunicado.

“Só nesta semana anunciamos que as leis e regulamentações europeias seriam transferidas à legislação britânica em nossa saída da União Europeia, a fim de dar segurança às empresas que operam no Reino Unido.”

Em seu discurso, no domingo, à conferência do Partido Conservador, em Birmingham, região central da Inglaterra, May não fez referência ao centro financeiro de Londres, dizendo apenas que ela quer que o acordo do Brexit envolva o livre comércio de bens e serviços, assim como a cooperação para a aplicação da lei e para os esforços de contraterrorismo.

“Eu reconheço a preocupação dos empresários, eles querem um processo ameno à medida que avançamos com essas negociações e com a transição para sair da União Europeia”, disse May, na terça-feira, em entrevista à ITV.

“Eu quero garantir que estamos escutando os empresários e que tivemos reuniões com grandes e pequenas empresas e que os ministros do governo estão conversando com empresas de diversos setores.”

Steve Baker, membro do Partido Conservador de May que trabalha no Comitê do Tesouro do Parlamento, disse que o setor financeiro precisa se ajustar à nova realidade pós-Brexit.

“Considerando a firmeza óbvia de nossa nova primeira-ministra, é pouco recomendável que o setor financeiro não aceite a nova realidade política”, disse ele, em entrevista.

“A indústria financeira há tempos é vista como um setor que desfruta de um status privilegiado e Londres acabou se transformando em uma espécie de cidade-estado, separada do resto do país. A verdade é que temos todos que seguir em frente como um só Reino Unido -- e isso significará uma mudança.”

Acompanhe tudo sobre:BancosBrexitEuropaFinançasPaíses ricosReino Unido

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições