Economia

Mario Monti quer liberalizar economia italiana

Apesar dos protestos, primeiro-ministro mantém a defesa das medidas para recuperar a economia do país

Monti quer que os ministros aprovem as medidas (Alberto Pizzoli/AFP)

Monti quer que os ministros aprovem as medidas (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 12h57.

Milão - O governo de Mario Monti prevê adotar nesta sexta-feira um ambicioso plano para liberalizar a economiada Itália, destinado a suprimir obstáculos que freiam o crescimento do país, atingido pela crise da dívida, mas as corporações afetadas estão em pé de guerra.

O conselho de ministros, que deve autorizar este plano, começou sua reunião às 10H00 GMT (08H00 de Brasília).

Depois da adoção, no fim de dezembro, de um novo plano de austeridade, Monti iniciou a "fase 2" com estas liberalizações em uma tentativa de reativar a economia do país, que entrou em recessão.

Táxis, farmácias, transportes públicos locais, distribuidores de gasolina, de gás, profissionais liberais. Os setores que serão mais abertos à concorrência por estas medidas serão muito numerosos.

Segundo os primeiros detalhes divulgados pela imprensa, o plano prevê o aumento do número das licenças de táxi e do número de farmácias, a liberdade de escolha dos fornecedores para alguns postos de gasolina ou a abolição das tarifas mínimas de advogados ou notários.

Para fazer com que os preços do gás diminuam mediante o reforço da concorrência, o governo espera obrigar o gigante da energia ENI a ceder sua rede de transporte ao Snam Rete Gas.

O ex-comissário europeu da concorrência,Monti, que fez deste tema uma de suas grandes prioridades desde sua chegada ao poder, em meados de novembro, convocou há duas semanas um "desarmamento multilateral de todas as corporações" para dar espaço à concorrência e aos jovens.

Também ressaltou a necessidade de "reduzir as proteções" das quais se beneficia "cada categoria na Itália, mais que em outros países", e que beneficiam "os que estão na cidadela em relação aos que não estão".


"A economia italiana está muito bloqueada, e liberalizar os principais setores pode elevar o potencial de crescimento a 2%", enquanto o crescimento do PIB anual não superou 1% de média dos dez últimos anos, considerou para a AFP o economista Giuliano Nico, professor do MIP, a escola de comércio da Universidade Politécnica de Milão.

A associação de consumidores Adiconsum calculou que a queda dos preços provocada pela inevitável abertura à concorrência de muitos setores significará para as famílias italianas uma economia de mais de mil euros por ano.

Mas as corporações mais atingidas estão em pé de guerra contra estas medidas.

Os taxistas multiplicaram nos últimos dias as greves e, apesar das concessões obtidas pelos sindicatos, vão continuar os protestos.

"Endividei-me por trinta anos para pagar minha licença", justifica um taxista de Milão para explicar sua frontal oposição ao aumento do número de táxis no mercado.

A organização de farmacêuticos Federfarma não excluiu formas "extremas de protesto".

Agora Monti precisará submeter seu plano ao Parlamento, onde estas corporações contam com grandes apoios.

O jornal econômico Il Sole 24 Ore, que fala sobre um dia histórico, felicita Monti por sua "valentia", mas ressalta que agora será necessário "o sólido apoio do Parlamento".

Além das liberalizações, outra prioridade de Monti é a reforma do mercado de trabalho, outro assunto muito sensível sobre o qual o governo convocou uma mesa-redonda para segunda-feira.

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