Economia

Marinho: discussão sobre capitalização naturalmente voltará a acontecer

De acordo com secretário especial de Previdência, novas formas de trabalhos — como o empreendedorismo — pedem formas diferentes de aposentadoria

Rogério Marinho: "É uma estratégia que funciona no mundo inteiro. Gera renda e é uma atividade econômica para essas pessoas" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Rogério Marinho: "É uma estratégia que funciona no mundo inteiro. Gera renda e é uma atividade econômica para essas pessoas" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 12h59.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 13h00.

São Paulo — O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, disse que o modelo de capitalização, que foi abandonado na reforma da Previdência que deve ser aprovada na próxima semana no Senado, deverá retornar naturalmente em breve.

Ele afirmou que durante o debate do tema neste ano houve uma série de "meias verdades" e que o benefício em relação a essa modelo acabou sendo "mascarado nas narrativas".

Marinho disse que, quando esse assunto foi para a mesa, usou-se a reforma da Previdência do Chile, que adotou o modelo de capitalização, para mostrar que esse modelo era ruim. "Não é verdade que a taxa de suicídio no Chile seja maior do que no restante da América Latina", comentou, em relação a um dos argumentos usados pelos opositores ao modelo de capitalização.

O secretário especial de Previdência e Trabalho afirmou também que o governo precisa observar as novas formas de ocupação que começam a surgir na sociedade e que é preciso criar formas de ajudar aqueles que querem empreender. Nesse sentido, Marinho defendeu o micro crédito, até mesmo sem as garantias tradicionais.

"É uma estratégia que funciona no mundo inteiro. Gera renda e é uma atividade econômica para essas pessoas. Com elas tendo um mínimo de educação financeira elas vão se preocupar com o futuro e terão que poupar", afirmou Marinho.

Ele disse que, assim, seria preciso que sejam criados produtos financeiros que se adequem a essas pessoas.

Reformas estruturais 'no forno'

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia disse que uma "série de reformas estruturais estão no forno" e serão apresentadas até a próxima semana. Entre elas, citou uma "customização" da regra de ouro, do teto de gastos e da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Durante o 40º Congresso brasileiro da previdência complementar fechada, ele afirmou não defender que esses parâmetros sejam retirados, mas ponderou que mudanças terão que ser feitas. "(Precisamos fazer) a mudança de alguns parâmetros fiscais que permitam que saiamos dessa armadilha que nós mesmos nos colocamos, que é a questão da regra de ouro, do teto de gastos, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Não defendo que nenhum desses parâmetros sejam retirados, mas é necessário que sejam customizados para nos adaptar a uma situação em que gastos obrigatórios crescem acima da inflação e o teto só cresce pela inflação", disse.

O secretário também sinalizou que a reforma administrativa e o pacto federativo serão apresentados em breve: "Uma série de reformas estruturais que estão no forno, que vão ser anunciadas nessa semana e na semana subsequente. O pacto federativo, com a redistribuição dos recursos a partir do governo central para Estados e municípios, a própria reforma do Estado brasileiro, para retirar penduricalhos na Constituição Pública, a modernização e transparência da administração pública", afirmou.

Regra de ouro

Marinho disse ainda que a proposta que o governo quer encaminhar ao Congresso Nacional para mudar regras fiscais deve ser enviada tão logo a reforma da Previdência seja aprovada. Segundo ele, a ideia é flexibilizar gastos dentro do Orçamento e criar gatilhos para a regra de ouro.

"A ideia, que deve chegar em breve no Congresso Nacional, é flexibilizar, desindexar e desobrigar os gastos dentro do Orçamento. Não quero antecipar, nos próximos 15 isso deve estar acontecendo. Deixa aprovar a Previdência. Mas basicamente são gatilhos da regra de ouro que precisam ser disparados para impedir que haja, numa emergência, problemas insolúveis para municípios, Estados e União", comentou o secretário.

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