Economia

Maquiar dados para alcançar meta de 3,3% é um erro, diz economista

Adolfo Sachsida desconfia dos dados de superávit divulgados pelo governo; para o especialista, sucessor de Lula enfrentará graves problemas fiscais

Apesar do recorde de arrecadação, próximo presidente vai precisar controlar os gastos (.)

Apesar do recorde de arrecadação, próximo presidente vai precisar controlar os gastos (.)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2010 às 18h44.

Brasília - O governo conseguirá cumprir a meta de superávit primário de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), na opinião do economista Adolfo Sachsida. No entanto, o especialista avalia que as autoridades podem usar artifícios para maquiar os dados. "O superávit primário não é mais uma forma confiável de avaliar responsabilidade fiscal", ponderou.

Para Sachsida, o governo brasileiro está seguindo o caminho de países como a Grécia, que manipulavam os dados para passar a imagem de que a economia estava bem quando, na verdade, havia problemas. "Na Europa ainda tentava-se dizer que não havia alteração nos dados; no Brasil, nem isso. O próprio ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, falou que há acertos para forçar o superávit", disse ele.

Em abril, o setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 19,789, R$ 7,8 bilhões superior ao montante obtido em igual período de 2009. No fluxo acumulado em 12 meses, o resultado primário foi equivalente a 2,7% do PIB, ainda abaixo da meta de 3,3%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central.

De acordo com o economista, os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deveriam ficar de fora da conta. "Já está claro na Lei de Diretrizes Orçamentárias que o governo não precisa incluir o PAC. Antes, o cálculo era: o que governo arrecada menos o que gasta, excetuando juros; agora, além disso, retira-se tudo o que o governo decide incluir como gasto emergencial", criticou.

As previsões de Adolfo Sachsida para 2011 são pessimistas. Segundo ele, o próximo presidente irá encontrar graves problemas fiscais e o Banco Central, sozinho, não vai conseguir segurar a inflação. "Se o governo não parar com os gastos excessivos, o problema vai se agravar. Não adianta fazer aperto monetário se o lado fiscal está comprometido", alertou. Para o economista, o sucessor do presidente Lula deve se atentar à questão das reformas, em especial, a tributária.
 

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