Economia

"Temos de evitar a guerra cambial", diz Mantega

Ministro disse que o excesso de liquidez na economia mundial preocupa os países emergentes

Mantega: "nós não temos deflação (os países emergentes)", disse o ministro. (REUTERS/Nacho Doce)

Mantega: "nós não temos deflação (os países emergentes)", disse o ministro. (REUTERS/Nacho Doce)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2013 às 22h36.

Washington - Em meio a debates sobre políticas monetárias "não convencionais" praticadas por economias avançadas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou nesta sexta-feira a criticar a guerra cambial. "Temos de evitar a guerra cambial", disse, em entrevista durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), em Washington. "Agora, se na prática isso acontece ou não, temos de verificar e ficar vigilantes para impedir que isso aconteça."

Mantega disse que o excesso de liquidez na economia mundial preocupa os países emergentes. Sobre o recente estímulo monetário do Japão, que aumentou o programa de compras de ativos para 7 trilhões de ienes, Mantega afirmou que é preciso admitir esse tipo de expansão monetária numa economia que está em deflação há 12 anos. "Já países emergentes como o Brasil, e outros países exportadores de commodities, não podem fazer expansão monetária porque a inflação é maior. Nós não temos deflação", disse. Ele alertou que espera que não seja só isso (estímulo monetário) que o Japão faça.

Sobre a economia mundial, a avaliação dos países-membros do FMI, segundo Mantega, é que a economia mundial apresentou uma melhora frente à reunião do FMI em outubro, mas ainda há riscos financeiros na União Europeia. Segundo ele, a Europa está segurando o crescimento da economia mundial e não mostra sinais de melhoria no curto prazo. Já os países emergentes, como a China, a Índia e o Brasil, conseguiram fazer um pouso suave do crescimento econômico para um patamar menor do que o observado recentemente.

Trajetória de crescimento

A economia brasileira está numa trajetória de crescimento gradual, disse Mantega. Indagado sobre a estimativa do FMI de 3% para o crescimento da economia brasileira neste ano e de 4% em 2014, Mantega disse que a projeção para este ano "pode ser realista". "A cada reunião (do FMI), esse número é revisto, não é definitivo, assim como o crescimento da economia mundial era de 3,5% e foi revisto para 3,3%", explicou Mantega. "Estamos num período de instabilidade, de volatilidade e as projeções são menos precisas. Essas projeções são razoavelmente adequadas. O que preocupa é que elas foram ajustadas para baixo."

Segundo o ministro, a economia brasileira está passando atualmente por uma recuperação forte do investimento. "Isso já está caracterizado nos números que temos de dezembro a fevereiro", acrescentou. "O que mais queríamos era a recuperação dos investimentos e isso está ocorrendo". Mantega projeta que a produção industrial deverá crescer entre 3% e 4% em 2013, enquanto os investimentos devem aumentar entre 6% e 7% em 2014. "Isso é mais importante até do que o PIB geral", disse.

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