Economia

Mantega pede ação conjunta contra turbulências

Problemas com a dívida dos Estados Unidos podem colocar em jogo a competitividade das exportações e exigem uma reação, segundo ministro

Mantega: "Temos que estar preparados para as consequências que podem haver, temos que estar unidos para criar mecanismos de resposta a esta situação" (Wilson Dias/ABr)

Mantega: "Temos que estar preparados para as consequências que podem haver, temos que estar unidos para criar mecanismos de resposta a esta situação" (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2011 às 15h43.

Lima - O Brasil pediu a seus vizinhos latinoamericanos uma resposta conjunta para enfrentar as turbulências econômicas e os capitais especulativos que há meses fortalecem o real e outras moedas da região, colocando em jogo a competitividade das exportações.

A América Latina recebe desde algum tempo cataratas de capitais financeiros, que chegam atraídos por rendimentos maiores e melhores perspectivas de crescimento econômico que no mundo desenvolvido. Mas agora, com os problemas de dívida nos Estados Unidos, especialistas creem que a tendência pode piorar.

"Temos que estar preparados para as consequências que podem haver, temos que estar unidos para criar mecanismos de resposta a esta situação", disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em um encontro de ministros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Lima, para discutir o problema de suas moedas.

O objetivo do encontro é estudar regulações conjuntas para os mercados de câmbio a nível regional, depois que vários países latino-americanos aplicaram medidas para frear o avanço das divisas locais -- desde compras de divisas até impostos a investimentos -- sem o resultado esperado.

Desde 2008, o real se fortaleceu 33 por cento frente ao dólar; o peso chileno, 28 por cento; a moeda colombiana, 21 por cento, o peso mexicano, 14 por cento; e o sol peruano, cerca de 12 por cento.

Uma moeda forte dispara os custos de produção e aumenta os preços das exportações da região, uma produtora mundial de matérias-primas, de grãos a petróleo.

O Brasil foi o que lançou as medidas mais agressivas: impostos a estrangeiros que compram bônus locais, leilões de swap cambial reverso, imposto sobre operações com derivativos, compras de dólares e o plano de incentivos para a indústria, que não conseguiram evitar que o real ronde os maiores níveis dos últimos 12 anos contra o dólar.

Outras nações, como Chile, Colômbia e Peru -- os países da região mais abertos ao mercado global -- adotaram medidas mais ortodoxas, como comprar dólares no mercado de câmbio, em alguns casos a níveis históricos.


Muitas ondas

Agora os problemas de dívida dos EUA, somados à crise da zona do euro, podem desatar uma nova onda de capitais especulativos na região, segundo analistas.

Um eventual corte do rating norte-americano despertaria desconfiança e enfraqueceria mais o dólar. Com sede de rendimentos, os investidores poderiam apostar mais na região.

"Estamos em mares com muitas ondas", disse o ministro da Fazenda colombiano, Juan Carlos Echeverry, durante o encontro.

"Esse é o momento que a América do Sul atua em grupo, é necessário que tenhamos uma reflexão conjunta, solidificar nossas economias diante de eventos difíceis", acrescentou.

A Unasul, bloco que tem um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de 973,613 bilhões de dólares, é formada por Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Chile, Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Guiana e Suriname.

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