Economia

Mantega: “passamos a pior fase de desaceleração”

Segundo trimestre foi fortemente influenciado pela crise internacional, que não melhorou e afetou o desempenho dos países emergentes, segundo o Ministro

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião com empresários do varejo e representantes de setores beneficiados com a medida de redução do IPI, nessa semana (Valter Campanato/Agência Brasil)

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião com empresários do varejo e representantes de setores beneficiados com a medida de redução do IPI, nessa semana (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2012 às 15h44.

São Paulo - O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, defende que o Brasil já passou pela pior fase de desaceleração, que ficou concentrada no primeiro trimestre. Agora, a economia está acelerando gradualmente, segundo o ministro. “A expectativa é que continuemos nessa trajetória de recuperação e os terceiro e quarto trimestres serão ainda melhores que o segundo”, disse em entrevista coletiva. 

“O segundo trimestre foi fortemente influenciado pela crise internacional, que não melhorou e afetou o desempenho dos países emergentes”, disse. Segundo o ministro, o cenário internacional prejudicou principalmente a indústria de transformação e a indústria extrativa. 

Mantega afirmou que, no segundo semestre, a queda da taxa de juros e o câmbio vão exercer efeitos positivos no PIB e destacou que a liberação de crédito está aumentando – segundo o Ministro, essa foi uma das razões para o crescimento menor registrado no primeiro semestre. “O governo está reduzindo custos e vai continuar apresentando programas com reduções de custos para a economia como um todo”, afirmou.

Mantega não deu uma nova projeção de crescimento da economia do Brasil em 2012, mas disse que “tem certeza” que, no último trimestre, o país estará perto de um crescimento de 4%.  “Posso garantir que a economia já está em aceleração gradual, não é nada espetacular, mas já está acontecendo”, disse. 

Segundo trimestre

No trimestre, o pior desempenho foi da indústria, negativo em 2,5%.“A indústria não foi bem porque exportou menos e sofre no país a concorrência das importações”, disse Mantega. O ministro defende que esse cenário vai melhorar por causa do câmbio e de outras medidas tomadas que reduzem o custo do investimento e cujos efeitos serão sentidos ao longo do tempo.

Apesar da queda no setor industrial, Mantega defende que, nesse momento, o país não tem problema de oferta, mas de demanda. “Não vejo nenhum problema para a expansão da oferta, temos mais problema de demanda que de oferta nesse momento, que se deveu à redução do crédito”, disse.  

Mantega afirmou que a formação bruta de capital fixo, o investimento, também não foi bem, com queda de 0,7%, assim como a exportação, que cresceu menos que a importação, o que ele considerou reflexo do cenário internacional. 


O PIB cresceu 0,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro, considerando ajustes sazonais, de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE. O primeiro trimestre foi revisado pelo IBGE, como de costume, e o aumento passou de 0,2% para 0,1%. No primeiro semestre, o PIB apresentou aumento de 0,6% em relação ao mesmo período de 2011.

“Esse é o retrato do primeiro semestre de 2012, que está sendo ultrapassado, estamos no segundo semestre e o desempenho da economia é bem melhor. O governo tomou várias iniciativas e várias ações cujo impacto ainda não se fez sentir”, disse Mantega. O ministro destacou o crescimento de 4,9% da agricultura no trimestre e o desempenho de serviços, classificando o crescimento das famílias, de 0,6%, como moderado.

“Acreditamos numa recuperação do investimento no segundo semestre, a agricultura vai continuar bem, acredito em uma recuperação da indústria e os estímulos setoriais que demos de IPI estão surtindo efeito”, afirmou. 

Mantega destacou que algumas mudanças feitas no cenário brasileiro exigem uma adaptação de toda economia, como a redução da taxa de juros. “Pela peculiaridade da economia brasileira, ela demora mais para fazer efeito. A economia estava acostumada a trabalhar com um juro alto”, disse o Ministro. 

A queda de juros pode ter impactado negativamente a indústria, segundo Mantega. Uma vez que parte do caixa das empresas produtivas era aplicação financeira, como estas estão valendo menos, o resultado da indústria foi impactado negativamente pela queda de juros num primeiro momento. 

Juros

O ministro afirmou que a crise internacional está retardando o efeito da queda na taxa de juros brasileira. “Demora sete, oito meses para ter resultados”, afirmou. A redução de custos e preços ajuda a manter a inflação sob controle, de acordo com Mantega. “O spread tem que continuar caindo”, disse. Mantega defendeu que os juros vão continuar em trajetória descendente e independente da Selic. “Os juros da economia como um todo, não estou falando da Selic, vão continuar caindo em 2013”, afirmou.

Investimento

O Ministro defende que o governo está criando condições para que o investimento cresça apesar da crise europeia. “Temos as condições de aumentar o nível de atividade independente disso (da crise), porque temos um mercado interno forte, que continua crescendo”, afirmou. 


Mantega destacou o elevado nível de emprego e a criação de condições para que as empresas brasileiras produzam a custos menores. Voltou a afirmar ainda que o setor bancário não está trabalhando com os spreads adequados a essa situação. O país também está sendo prejudicados pela redução de importações no Mercosul, na avaliação de Mantega, “mas tudo isso vai voltar”.

Para o Ministro, o investidor estrangeiro está depositando confiança no Brasil. “A maioria das projeções para 2012 são de crescimento de 4% ou mais, e não estou falando de projeções do governo. Estamos em uma transição para um crescimento voltando a 4% ou mais e isso vai beneficiar aqueles que vão fazer investimentos e expandir seu parque produtivo”, afirmou. 

“Temos tomado principalmente medidas estruturais que tem facilitado o investimento no país, por isso que ele tem crescido”, disse Mantega, defendendo que o país não tem adotado apenas soluções pontuais para estimular a economia. Para o Ministro, em um cenário de crise, como o atual, é necessário adotar medidas emergenciais já que ela afeta também alguns segmentos da produção.  “Quando você tem uma crise dessa magnitude, tem que apagar incêndios e isso é oportuno”, afirmou. Para o Ministro, um dos erros dos países avançados é que eles não fizeram programas de estímulo. 

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