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Da Redação
Publicado em 1 de março de 2010 às 18h13.
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou nesta segunda-feira uma alta iminente da taxa de juro, já que não há pressão significativa de demanda, e afirmou que o mercado está exagerando nas previsões, mas ressaltou que a decisão será tomada pelo Banco Central quando julgar necessário.
Mantega afirmou também que o governo conseguiu conter a valorização exagerada do real, mas continua trabalhando nesse sentido tendo em vista melhorar o desempenho dos exportadores.
"Não haverá pressão de demanda. Não vejo uma ameaça iminente de alta de juro", disse Mantega a jornalistas após encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Mantega ouviu do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que a indústria tem capacidade de atender a demanda, já que, além de encontrar-se em patamar de produção inferior à crise mundial, o setor aumentou sua capacidade em 10 por cento em 2009 e deve elevá-la neste ano entre 12 a 15 por cento.
"Não há nenhuma dificuldade para a indústria atender a demanda em 2010... Ficam afastadas as possibilidades de inflação de demanda", afirmou o ministro.
Ele afirmou que a pressão sazonal de início de ano sobre os preços vai passar, citando as projeções de IPCA em torno de 0,30 a 0,35 por cento em março.
Mantega previu, sem dar detalhes, que o juro real do país pode chegar "no futuro" a algo entre 2 e 3 por cento, um patamar que ele considera adequado para o país.
O ministro disse ainda que o mercado de juros futuros, que está precificando uma alta da Selic já em março, pode estar exagerado.
"O mercado é que está excitando a economia e o juro futuro está subindo. Isso é o que me preocupa, (porque) não vejo razão. O BC tem dado a sinalização correta e às vezes vejo uma má interpretação. O BC vai agir tecnicamente."
Mantega acrescentou que, apesar de ter essa visão de um cenário benigno para a inflação, se o BC notar algum foco de pressão irá agir adequadamente.
"SANGRIA CAMBIAL"
O ministro disse ainda que o governo conseguiu "estancar a sangria cambial", mas continua monitorando esse tema.
"O real parou de se valorizar naquela magnitude; não é ainda o ideal, mas o ideal é difícil de conseguir."
Nesta sessão, o dólar caiu 0,50 por cento e fechou abaixo de 1,80 real pela primeira vez desde 20 de janeiro.
Sobre a situação internacional, com os problemas fiscais da Grécia abatendo os mercados, Mantega disse que há um cenário preocupante que pode desacelerar a recuperação global, mas ressaltou que o Brasil não deve enfrentar consequências significativas.