Economia

Mantega barra alta de preços da Petrobras, diz fonte

Empresa petroleira aberta mais endividada do mundo subsidia importação de combustível desde 2011 como parte da política do governo para controlar inflação


	Mantega: desde 2013 ele tem pressionado estatal a aumentar produção e reduzir importações, diz outra fonte
 (Antonio Cruz/Agencia Brasil)

Mantega: desde 2013 ele tem pressionado estatal a aumentar produção e reduzir importações, diz outra fonte (Antonio Cruz/Agencia Brasil)

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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2014 às 15h47.

O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, rejeitou os pedidos mais recentes da Petrobras para aumentar os preços dos combustíveis e disse à diretoria que o cumprimento das metas de produção aliviaria as dificuldades financeiras da empresa, disse uma fonte com conhecimento direto das negociações.

Mantega, que é presidente do conselho da Petrobras, disse à presidente da companhia, Maria das Graças Foster, em abril e maio, que o real mais fraco ajudou as finanças de curto prazo da empresa quando a empresa pediu autorização para realizar aumentos de preços, disse a fonte, que pediu para não ser identificada porque as discussões são privadas.

Executivos da empresa teriam alertado Mantega de que subsídios contínuos poderiam resultar em um eventual rebaixamento do rating e em um aumento dos custos de financiamento, disse a fonte.

O real teve uma valorização de 3,2 por cento na comparação com o dólar americano neste ano após cair 13 por cento em 2013.

A moeda mais forte reduz o custo das importações de combustíveis pela Petrobras.

A empresa petroleira de capital aberto mais endividada do mundo subsidia a importação de combustível desde 2011 como parte da política do governo para controlar a inflação, que excedeu o centro da meta oficial de 4,5 por cento durante todo o mandato da presidente Dilma Rousseff.

Desde o ano passado Mantega tem pressionado a Petrobras a aumentar a produção para reduzir as importações, disse outra fonte com conhecimento do assunto.

Mantega disse à Petrobras que os preços internacionais teriam impacto menor nos resultados da empresa se a produção fosse suficiente para atender o mercado doméstico, disse a fonte, que pediu anonimato por não ser autorizada a falar publicamente sobre o assunto.

Novas refinarias

O Ministro da Fazenda não quis comentar sobre as negociações de preços de combustíveis com a Petrobras, segundo sua assessoria de imprensa.

A Petrobras não respondeu aos e-mails e telefonemas com pedidos de comentários.

A Petrobras está construindo novas refinarias para reduzir as importações e melhorar seu retorno sobre o capital, disse a companhia, por e-mail, em 2 de junho.

Seu plano de negócios de cinco anos de duração pede um alinhamento dos preços dos combustíveis para melhorar a alavancagem e os retornos dos acionistas, disse a empresa.

No início de maio, a Petrobras estimou que estava vendendo gasolina e diesel a valores 15 por cento e 13 por cento, respectivamente, abaixo dos preços internacionais, disse a fonte.

Os subsídios custaram à companhia mais de US$ 31 bilhões em três anos, disse o Citigroup Inc. em uma nota técnica de 22 de maio. A Petrobras calcula perdas anuais de cerca de US$ 500 milhões para cada ponto porcentual de diferença nos preços dos combustíveis, disse a fonte.

Aumento dos gastos

As perdas com combustíveis coincidiram com um salto nos investimentos em um momento em que a companhia expande sua capacidade de produzir e refinar petróleo.

A empresa com sede no Rio de Janeiro tem o maior déficit de fluxo de caixa de todas as companhias petrolíferas de capital aberto, de US$ 24 bilhões nos últimos 12 meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.

As ações da Petrobras, com o pior desempenho entre os papéis das grandes petroleiras, subiram 34 por cento desde 17 de março com a especulação de que Dilma possa ser derrotada em outubro e substituída por uma administração mais amigável ao mercado ou retome o reajuste dos preços dos combustíveis depois das eleições.

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