Economia

Mantega diz que não é prudente crescer acima de 5,5%

Em Toronto, o ministro da Fazenda disse que prefere crescer pouco e manter equilíbrio macroeconômico

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recomenda que o Brasil pise no freio no próximo ano.  (.)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recomenda que o Brasil pise no freio no próximo ano. (.)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2010 às 10h23.

Toronto - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu patamar mais "prudente" de expansão da economia no ano que vem. Depois de um 2010 de forte recuperação, em que economistas estimam crescimento ao redor de 7 por cento, ele recomenda pisar no freio para que o país não cresça mais que 5,5 por cento.

Um dos primeiros países a se recuperar do declínio provocado pela crise global, o Brasil vive às voltas com sinais de superaquecimento e temores de aceleração da inflação. O Banco Central já elevou a taxa básica de juros brasileira duas vezes este ano, para 10,25 por cento ao ano, e o mercado prevê novas altas até dezembro, que poderiam colocar a Selic em 12 por cento, segundo o relatório Focus.

"Depois de um ano forte, o seguinte tem de dar uma ajustada, mas acho que 5,5 por cento é uma taxa possível (de se alcançar sem provocar inflação). Em 2012, já dá para voltar para 6 por cento, 6,5 por cento," disse o ministro à Reuters na noite de domingo, apostando na melhora da capacidade produtiva da indústria doméstica.

"Eu prefiro crescer um pouco menos e manter o equilíbrio macroeconômico... Não é muito prudente crescer mais que isso." Mantega concedeu a entrevista em Toronto com aparatos de chefe de Estado. Substituto oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula do G20, discursou no fim de semana ao lado de líderes como o presidente norte-americano, Barack Obama, e o francês, Nicolas Sarkozy.

No Canadá, vocalizou a bandeira dos países emergentes e dos Estados Unidos de que, para o bem da economia global, é imperativo que o mundo cresça. A tese encontra resistência na Europa, em ensaio geral para um aperto de suas contas públicas, o que deve representar retirada dos estímulos à atividade.

O fato é que as economias avançadas dependem cada vez mais do quarteto emergente Brasil, Rússia, Índia e China. Sob a sigla Bric, essas nações vêm puxando a recuperação econômica global.

Os países europeus mais fortes têm de estimular sua demanda doméstica e contribuir para a retomada do comércio internacional, segundo Mantega, para não deixar o trabalho nas mãos dos países emergentes.

Para o ministro, é prematuro eliminar estímulos e seguir na linha do aperto severo, sob o risco de comprometer parte central da engrenagem econômica mundial. Para ele, é possível encontrar equilíbrio entre crescimento e ajuste fiscal, desde que se tenha metas razoáveis de redução de gastos aplicadas gradualmente.

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