Economia

Mantega cita bancos por PIB fraco e vê recuperação

Crescimento menor que o esperado deve-se ao descuido com o setor de serviços, afirmou o ministro


	O ministro da Fazenda, Guido Mantega: modelo de crescimento baseado no consumo adotado pelo governo poderia estar esgotado, afirmam analistas
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: modelo de crescimento baseado no consumo adotado pelo governo poderia estar esgotado, afirmam analistas (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 16h03.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu ter ficado surpreso com o fraco crescimento da economia brasileira no terceiro trimestre, mas disse que a trajetória é de recuperação e que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 4 por cento em 2013.

"Ninguém acertou (o resultado do PIB no trimestre passado). Acho que todo mundo se descuidou do setor de serviços. Mas posso afirmar que economia está em trajetória de aquecimento, embora não tanto como gostaríamos", afirmou Mantega a jornalistas.

A economia brasileira cresceu apenas 0,6 por cento de julho a setembro sobre o segundo trimestre, metade do esperado, com a pior retração dos investimentos em mais de três anos e estagnação no setor de serviços.

Para Mantega, o mau desempenho no trimestre passado veio sobretudo do setor de serviços, afetado pela atividade de intermediação financeira, que recuou 1,3 por cento. O ministro ressaltou que isso ocorreu porque os bancos sentiram a queda nos spreads bancários e, ao mesmo tempo, não compensaram com maior concessão de crédito.

"Faltou crédito, faltou compensar as quedas nas taxas de juros com volume maior de crédito para que essa taxa (de intermediação financeira) fosse positiva", disse Mantega.


Curiosamente, os vilões do PIB trimestral foram os bancos --alvo de uma ofensiva do governo da presidente Dilma Rousseff, com apoio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, para provocar redução dos spreads bancários e juros aos tomadores finais.

Os bancos, sobretudo os privados, estão reticentes em conceder novos financiamentos diante de uma inadimplência que não cede. Em outubro, segundo dados do Banco Central, ela ficou em 5,9 por cento pelo quarto mês consecutivo, nível considerado elevado.

Segundo o ministro, a redução dos spreads bancários é boa no longo prazo, embora "num primeiro momento acaba trazendo um impacto negativo" no PIB.

Mantega espera um resultado positivo da intermediação financeira já no quarto trimestre, período em que a economia deve ter expansão de 1 por cento, segundo estimou o ministro.

MUDANÇAS ESTRUTURAIS

O governo tem adotado uma série de medidas para estimular a economia, mas analistas questionam se o modelo de crescimento pelo consumo estaria esgotado no Brasil. Mantega refutou essa percepção, afirmando que a maioria do que vem sendo implementado é estrutural, e não apenas para estimular a ponta final da cadeia.


"(Reduzir o juro) para esse patamar é uma medida estrutural na economia brasileira", argumentou, referindo-se ao menor nível histórico da taxa básica Selic, em 7,25 por cento ao ano. "A redução de tributos é uma mudança estrutural." "Temos que entender que a economia brasileira está num processo de transformação, cujo resultado será uma economia muito mais competitiva... É um conjunto de medidas estruturais, as medidas de curto prazo são minoria." Ele prometeu ações adicionais do governo para aquecer a economia. "Continuaremos tomando medidas, deveremos ter novidades na semana que vem, principalmente no âmbito de financiamentos para investimentos", declarou, sem dar detalhes.

INDÚSTRIA E INVESTIMENTOS

Mantega acredita que o setor industrial, bastante afetado pela crise internacional e que mostrou recuperação no trimestre passado, está ganhando velocidade.

O ministro minimizou a queda no terceiro trimestre de 2 por cento da formação bruta de capital fixo, a maior retração em mais de três anos, afirmando que os investimentos demoram mais a reagir a cenários de crise. Segundo ele, já está ocorrendo a retomada de investimentos.

"No quarto trimestre teremos recuperação do investimento, provavelmente já com resultado positivo", disse.

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