Economia

Mantega anuncia prorrogação de PSI, com taxas mais altas

Segundo ministro da Fazenda, Programa de Sustentação do Investimento (PSI) será prorrogado em 2014

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, participa de entrevista coletiva em Brasília (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Reuters)

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, participa de entrevista coletiva em Brasília (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 15h20.

Brasília - O Programa de Sustentação do Investimento (PSI) será prorrogado em 2014, mas com juros maiores no financiamento aos investimentos, anunciou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quarta-feira, mas sem informar qual será o montante destinado para essa linha.

A taxa do financiamento a máquinas e equipamentos para pequenas e médias empresas passará a 4,5 por cento, ante 3,5 por cento, sendo que para as grandes empresas subirá para 6 por cento. Nessa modalidade, o financiamento continua em 100 por cento para pequenas e médias companhias, mas cai para 80 por cento para grandes empresas. Até então, esse teto era de 90 por cento.

O juro para aquisição de caminhões e ônibus sobe para 6 por cento, ante 4 por cento, com os níveis de financiamento baixando para 90 por cento às pequenas e médias empresas e para 80 por cento às grandes, ante 100 e 90 por cento, respectivamente.

Na linha Pró-caminhoneiro, a taxa sobe para 6 por cento, dois pontos percentuais a mais do que o juro atual, mantido o financiamento integral para todas as empresas.

Já para inovação, a taxa sobe 4 por cento, ante 3,5 por cento, com os níveis de cobertura permanecendo em 100 por cento para pequenas e médias, mas baixando para 80 por cento para grandes empresas, que agora podem financiar até 90 por cento dos seus projetos.

Na linha pré-embarque de exportação, a taxa de juros sobe para 8 por cento, em comparação a 5,5 por cento, mantidos os níveis de financiamento de 80 por cento para grandes empresas e de 100 por cento para pequenos e médios negócios.

As novas condições, apresentadas ao setor industrial em evento, entram em vigor em 1o de janeiro de 2014.


O aumento nos custos do financiamento ocorre na esteira do ciclo de elevações da Selic, que saiu da mínima histórica de 7,25 por cento em abril para o atual patamar de 10 por cento.

"As taxas (do PSI) cresceram acompanhando a Selic e conjuntura", disse Mantega.

O PSI foi criado em meados de 2009, no auge da crise econômica mundial, para garantir crédito para investimento, num momento em que a oferta de financiamento se tornou escassa.

Este ano os financiamentos oferecidos pelo PSI através das linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somarão 80 bilhões de reais, informou Mantega. Mas, com juros maiores e menores níveis de financiamento, o orçamento do PSI será menor em 2014, acrescentou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também presente no evento.

No setor privado, industriais avaliam inicialmente que mesmo com o encarecimentos dos custos, o PSI continuará atrativo.

"Relativamente, o incentivo melhorou. Quando a Selic estava em 7,25 por cento ao ano, a taxa do PSI estava em 4 por cento. Agora a Selic foi para 10 por cento e a taxa a 6 por cento. Ainda é bastante importante e certamente vai assegurar crescimento da indústria (venda de caminhões) em 5 a 7 por cento no ano que vem", afirmou o presidente-executivo da MAN América Latina, Roberto Cortes.

A companhia é unidade do grupo Volkswagen e maior fabricante de caminhões no país. "Em termos reais ainda é uma taxa perto de zero, que cria propensão ao investimento", acrescentou.


O governo assumiu o discurso de que os investimentos serão o motor do crescimento econômico brasileiro, que não tem dado sinais consistentes de recuperação. O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,5 por cento no terceiro trimestre deste ano.

Arrecadação

Mesmo assim, Mantega defendeu que a economia brasileira tem, e manterá em 2014, uma recuperação gradual, que já está se refletindo na arrecadação. Segundo adiantou o ministro, em novembro, ela será recorde e ficará superior a 110 bilhões de reais.

A arrecadação de novembro foi influenciada positivamente pelo pagamento ao governo dos 15 bilhões de reais do bônus para exploração do campo de petróleo de Libra e também pela receita extraordinária de 20 bilhões de reais com o Refis.

A arrecadação recorde de novembro vai ajudar o governo a fechar as contas públicas, mas ainda sem indicação de que o governo cumprirá a meta ajustada do setor público consolidado de superávit primário de 2,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Mantega disse ainda que o câmbio desvalorizado ajuda o setor fabril, mais "favorável" para o comércio exterior, mas que o governo precisa impedir repasses dessa desvalorização para os preços.

"Embora a desvalorização ajude o setor produtivo, causa pressão inflacionária. Temos de cuidar dessa parte e não deixar que a inflação ultrapasse as metas", disse o ministro.

Acompanhe tudo sobre:Guido MantegaInvestimentos de governoMinistério da FazendaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados