Mansueto Almeida: secretário do Tesouro Nacional afirmou que o cenário é positivo no que se refere ao ajuste fiscal e defendeu as privatizações (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 12h49.
São Paulo - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta quarta-feira que, embora o início do novo governo ainda seja "um pouco confuso", o cenário é positivo no que se refere ao ajuste fiscal e defendeu as privatizações.
Mansueto ainda considerou como remotas as chances de as discussões sobre o projeto de lei que trata da cessão onerosa ocorrerem este ano.
"Apesar de umas declarações um pouco desencontradas, o cenário do novo governo é positivo", disse ele durante evento em São Paulo. "O início desse novo governo é ainda um pouco confuso, mas é um governo que toda a área econômica é focada em três linhas: ajuste fiscal, privatizações e abertura comercial", disse.
Mansueto, que permanecerá no cargo no governo de Bolsonaro, disse, depois do evento, que sua afirmação sobre declarações "desencontradas do próximo governo" refere-se a um "processo natural de um governo de transição". Ele afirmou ainda que acredita que tais arestas serão aparadas rapidamente com a definição de porta-vozes oficiais e de outras funções essenciais para a convergência dos discursos.
O secretário do Tesouro destacou que Jair Bolsonaro foi eleito presidente com bastante apoio popular, o que para ele tende a facilitar o processo de ajuste fiscal.
"Temos um governo que saiu das urnas forte e que, se fizer uma boa coalizão política, vai conseguir fazer uma série de ajustes que são importantes para a questão orçamentária", disse.
"Todo ajuste fiscal que o Brasil fez foi em cima de carga tributária. Essa é a primeira vez que se tenta fazer um ajuste pautado no corte de despesa. As escolhas são simples, mas não significa que são fáceis. O Brasil tem potencial para realizar uma reforma gradual", completou o secretário.
Mansueto defendeu ainda as privatizações como uma forma de ganhar eficiência, dando como exemplo as distribuidoras da Eletrobras.
"A privatização é interessante porque só o que você ganha de eficiência é gigantesco. Mas isso não quer dizer que seja fácil.Com o poder político que o novo ministro da Economia (Paulo Guedes) vai ter, o andamento da agenda de privatizações vai ficar mais fácil", afirmou.
Sobre a reforma da Previdência, o secretário do Tesouro afirmou que ainda não se sabe como se dará, mas que o cenário é claro sobre a necessidade de que aconteça, embora ainda haja resistência.
Em declaração a jornalistas após participar de painel de discussão, Mansueto afirmou que ninguém tem dimensão do valor envolvido em um eventual leilão do petróleo excedente da área da cessão onerosa.
"Tanto o governo que está saindo quanto o governo que está entrando, ninguém tem a dimensão do valor envolvido, então não se sabe até hoje o seguinte: quanto é que o governo vai arrecadar? Você não tem a modelagem do leilão, ainda não foi feita a renegociação do contrato da cessão onerosa", disse.
A votação do projeto de lei vem sofrendo recorrentes adiamentos enquanto o governo discute, entre outras coisas, como seria o repasse a Estados e municípios dos recursos obtidos.
"Acho que essa é uma discussão que vai ser muito difícil de ser feita em duas ou três semanas. É muito difícil começar a discutir uma repartição com Estados e municípios sem ter noção de valor", afirmou.