Carteira se trabalho Carteira de Trabalho e Previdencia Social (FG Trade/Getty Images)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 27 de março de 2024 às 18h47.
Última atualização em 27 de março de 2024 às 18h57.
A forte geração de empregos em fevereiro, com salado líquido de 306.111 postos de trabalho com carteira assinada criados, mostra a pujança da economia brasileira. Entretanto, 92,6% das vagas abertas no mercado formal se concentram em ocupações com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.824), o que aponta para um desafio de incrementar a complexidade das vagas geradas e a renda dos trabalhadores.
Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho nessa quarta-feira, 27.
Do resultado líquido de fevereiro, somente 10.811 empregos foram criados com renda entre dois e cinco salários. Nas ocupações com melhores salários o saldo foi negativo.
Segundo os dados do Ministério do Trabalho, nas vagas com contracheque que variam de cinco a dez salários mínimos, o fechamento de postos chegou a 3.445.
Os dados do Caged também mostram que 81,5% dos postos de trabalho criados em fevereiro foram preenchidos por trabalhadores que tinham até o ensino médio completo.
Como mostrou a EXAME, essa é uma realidade histórica do Brasil.
O economista Carlos Alberto Ramos, professor do departamento de economia da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em mercado de trabalho, afirmou que a geração de empregos de baixa qualidade, com salários próximos ao mínimo, é uma característica estrutural do país.
"Outro problema é que o Brasil cresce pouco e, consequentemente, gera pouco emprego. Se essas pessoas se qualificarem e o país não crescer manterão os mesmos postos de trabalho de baixa qualidade. Sem crescimento não há geração de empregos sustentáveis e de qualidade", disse.