Economia

Mais de 396 mil servidores públicos receberam auxílio emergencial, diz CGU

Concessão equivocada do benefício representou gasto de R$ 279.674.400 para os cofres públicos em maio

Auxílio emergencial: mais de 396 mil servidores públicos receberam o benefício indevidamente, apontou a CGU (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Auxílio emergencial: mais de 396 mil servidores públicos receberam o benefício indevidamente, apontou a CGU (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de julho de 2020 às 15h46.

A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou 396.316 agentes públicos que receberam o auxílio emergencial indevidamente no mês de maio. Nesta conta, entram servidores federais e estaduais além de militares. Os números são de uma atualização feita nesta segunda-feira, dia 13, pela CGU a partir de cruzamentos de bancos de dados.

Do total de agentes que receberam o recurso do governo, 17.551 constam como servidores militares da União, ativos ou inativos, ou pensionistas. Outros 7.236 beneficiários foram identificados como servidores federais com vínculo ativo no Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape). Os demais 371.529 funcionários são das esferas estadual, distrital e municipal, incluídos ativos, inativos e pensionistas.

A concessão equivocada do benefício representou gasto de R$ 279.674.400 para os cofres públicos em maio. A quantidade de pagamentos é maior que a de beneficiários, pois no período de 1º a 31 de maio há pessoas que receberam duas parcelas.

A identificação dos funcionários foi possível por meio da pesquisa de CPFs na bases do governo federal e de tribunais de contas estaduais e municipais, além das controladorias-gerais dos Estados e do Distrito Federal.

O Estado recordista com mais agentes que receberam o benefício indevidamente é o Maranhão com 85.213 funcionários listados, entre estaduais e municipais. Na Bahia, 52.349 servidores municipais foram beneficiados pelo programa, assim como outros 10.541 na esfera estadual.

Em audiência pública no Congresso nesta terça-feira, 14, o ministro da CGU, Wagner Rosário, ressaltou que, em muitas situações, CPFs de funcionários públicos foram utilizados por terceiros para ter acesso ao benefício. Nestes casos, ele avalia que a devolução do valor é "mais tranquila", diferente das ocorrências de fraude. O ministro informou que já foram devolvidos R$ 78 milhões para o governo fruto de concessões erradas do auxílio extra.

A CGU relatou também que é possível que os agentes não tenham feito a solicitação para receber o auxílio, mas que tenham sido incluídos como beneficiários de forma automática por estarem registrados no Cadastro Único. Este seria o caso, por exemplo, de jovens recém-ingressos no serviço militar.

"Alguns militares, garotos com 19 anos, que eram beneficiários de algum programa, estavam no CadÚnico, por exemplo, e passaram a receber quase que imediatamente, sem realizar o cadastro", pontuou o ministro na conversa com deputados e senadores. "Tudo isso está sendo levantado, e aqueles que tentaram fraudar serão responsabilizados, com certeza, não só administrativamente como penalmente, se tiverem cometido algum crime."

Parceria

Em abril, a CGU e o Ministério da Cidadania firmaram acordo de cooperação técnica para acompanhamento do programa do auxílio emergencial de R$ 600. O benefício é direcionado para pessoas de baixa renda prejudicadas pela crise do novo coronavírus, entre elas desempregados e trabalhadores informais ou autônomos.

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